terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O MUNDO DE JUDITH



SILÊNCIO. Judith se debatia em seu monólogo de desespero, agrupando lembranças boas e más; diálogos das pessoas íntimas que desejavam o seu bem:

- Ele sente sua falta K. M.
- Enquanto você está nos Estados Unidos, que na verdade não são tão “Unidos” assim.
- Os erros do passado a machucaram. Guerras civis, feridas expostas, impostas...
- Eu sinto muito.
- Já é carnaval – anunciava o Id.
- E o que isso tem a ver?
- Equilibro entre o deus PrAzEr e a deusa RAZÃO.
- Mas o carnaval já passou. Quarta-feira de “cinzas”.
- Fico feliz que você o abraçou no último dia.
- Ele gosta tanto de ti e você ainda não percebeu.
- Claro que percebi.
- Vamos ao cinema assistir uma sessão de Ingmar Bergman e outra de Fellini?
- Hoje eu não posso, pois tenho que terminar de ler Ulysses de James Joyce. Mas amanhã eu tenho “tempo” e podemos ir.
- Tire umas férias e viaje para a Itália.
- Não acredito em vidas passadas, mas parece que perdi algo naquele país das pinturas de Leonardo da Vinci e Michelangelo. Berço da cultura Ocidental.
- Mergulhe, e não se esqueça de retornar a superfície.
- E a peça “O Fantasma da Ópera”, você gostou?
- Sim, e muito. Gostei da parte em que o fantasma, Erik, declara para Cristine Daaé todo o seu sentimento por ela.
- E eu gosto da parte em que suas vozes se harmonizam, diante do silêncio estrondoso da plateia. Este é um dos motivos que eu amo ÓPERAS.
- Não quero beber da água turva, barrenta. Saia da lama.
- Quantas VIDAS VaLe a VIDA, Vale?
- Quero beber da água cristalina. Na cor branca o ser mais puro. Vinho puro... desejo.
- Eu odeio todos os seus amigos “homens”, exceto os de boa índole: com boas “influências”. E olhe que são poucos – confessava o Superego, penetrando na carne da consciência.
- Eu já sabia que o puro e o impuro estavam misturados no mesmo Rio Lete – alertava o Ego.
- Judith é pura – declarava Afrodite.
- Alguns não acreditam – dizia Februarius.
- Minha melhor amiga se chama Esperança. E a sua?
- Florença, aquilo que floresce. Percorremos o coração desconhecido de gôndolas. Penso em conquistar o teu coração.
- Eu sinto dentro de mim, o peso de um pássaro em minhas mãos.
- Dante Alighieri e Beatrice se amaram, mesmo que a barreira do além os impediam. Isso me deixa mais feliz e contente.
- Lerei poemas, além de pequenos contos para a nossa filha quando ela ainda estiver em sua barriga. Quero que ela acostume com o universo das palavras desde cedo.
- O que mais você tem medo, Judith: me diz?
- Tenho medo de sorrir sem está contente, ou está contente sem saber o verdadeiro significado de ser feliz.
Lembro que Judith sentiu-se seu corpo molhado, e a vida encharcada de perguntas dentro do Rio Lete. Judith exclamava para as almas que se debatiam entre si:
- Acalmem-se. Eu me vi a primeira vez do lado oposto do espelho, e me senti mais leve.
- Asas deltas de uma borboleta gigante?
- Na verdade, pequena.
- Gandhi no coração de quem sente.
- Quem bebesse daquelas águas do Rio Lete, o rio de Hades, esqueceria das vidas passadas, mas Judith não queria beber.
- Para descobrir a Fonte perdida, Judith volveria? Tentaria de novo, de um jeito diferente?

Ao lado, perto da voz da RAZÃO, eu vejo a Fonte e sua PURIFICAÇÃO: diante do mundo fantástico das palavras!!

(Carlos André)

sábado, 2 de fevereiro de 2019

FEVEREIRO 2019

Februarius...
Curto são seus dias de duração
E tão perto e distante do Rio Late
Há uma Fonte
Onde os erros e acertos
O InFeRnO e o CÉU
Os AMOReS não correspondidos
O PrAzEr e a RAZÃO
CaRnE e SENTIMENTOS
Estão de lados opostos.

Bucolicamente, só me restou esta flor vermelha BRANCA
Além da LITERATURA e o VINHO
Que estão presentes na mesa de forro branco
Onde bebemos e saciamos
Duas ideias fatiadas com manteiga dentro de um cesto..
Descubro que na mesma tonalidade do BRANCO da ÁGUA cristalina
Eu percebo bem mais de perto: a PURIFICAÇÃO!!

(Carlos André)