Comprando Flores

Para oferecer a vida

Para o amor

Ou o próximo amor.

Se bem que hoje

Ela passou na Floricultura

Para sentir mais um pouco

A vida

Que tinha perdida

Lá no fundo

Onde nascem os sentimentos.

Ela comprou flores

Honestas

Coloridas

Para levar a um lugar

Onde o leitor e a leitora supõe que seja

Mas quase ninguém sabe

O que se passa dentro dela!!

(Carlos André)

As Três Bailarinas

A da esquerda está cabisbaixa

Suponho que pensando...

Nos últimos acontecimentos de sua vida

A do meio está bem altiva

Acredito que pensando...

No próximo encontro depois da saída do Teatro

E finalmente a da direita

Ajeita delicadamente

A meia em sua sapatilha de meia ponta

Pensando no próximo passo

Diante do palco

Da vida!!

(Carlos André)

Uma dose de Encantamento

Não bebas por causa das desilusões amorosas

Não bebas por causa da crise econômica do país

Sei que você queria que seu estado caísse de vez

Então não beba por aqueles que te olham de esguelha, na esquina

Bebas por que queres

E se queres

O único motivo vem do teu querer.

O vestido ainda está com aroma das flores

Do jardim que amanheceu no orvalho

Isso parece um conto de fada

Mas não chore por aquele que te deixou.

Ao beber uma dose de encantamento

Que não está no copo

Mas na tua própria mente

Que não seja mentira

Pois procuro inteiras verdades

Só assim a vida passará a ser mais plena

Fruto sereno do futuro

Vestido com o belo presente!!

(Carlos André)

Mais um acontecimento

Há lama em nossas “Minas” GERAIS

Este é mais um acontecimento.

Há lama em Brumadinho

Salvem as famílias ao redor

Salve a comunidade

Será que há tempo

De evacuar?

Pensamentos...

Salve o Museu

Em céu aberto

As veias escancaradas

Da nossa história

Salve o Museu de Inhotim!!

(Carlos André)

Por ventura...

Olhos para o futuro:

Quando chegar em 2100

O que eles dirão da Literatura Brasileira do Século 21?

Teremos livros físicos?

Teremos registros de como foi este século

Tão midiático e tecnológico?

Agora só nos resta esperar

Para ficar sabendo!!

(Carlos André)

Foto registrada em: 27/12/2018, mas que se torna tão atual para os tempos que virão.  

Retratados

A vida não é nada fácil

E todos vocês sabem disso.

Não importa se você viveu o momento

Porque se você viveu e não sentiu

Nada daquilo que se passou

Importará para ti.

Lembro que o espaço que faltou entre nossos corpos

Houvera somente uma xícara

Ao lado de uma rosa branca

Para completar o nosso silêncio

De quando a voz faltou

E os nossos lábios puderam ser descritos

Em um simples retrato!!

(Carlos André)

Envoltos

Jovens, envolvidos

Eles tiveram mais de um motivo

Para poder se reencontrar

Abraçar e dançar

Aquela valsa

Aquele tango

Tocado pelo senhor ali sentado no banco

Com seu violino mágico

Que une o que está separado do tempo!!

(Carlos André)

Trincheiras

Guerras passadas

Onde o passado ficou...

É! Isso é uma cicatriz.

Olhares do futuro

Que olha e nem quer sentir cheiro de bomba atômica.

É! Mas os homens maus não se importaram com a rosa

Deitada, ali no chão.

Gatilho, fuzis, apontando para o céu

Onde a guerra acaba

No ponto final.

E o fim não tem mais nenhum começo!!

(Carlos André)

Mundo divertido

- Divertido é este vosso mundo, coelho! Que está de cabeça pra baixo.

- E o teu mundo, marquesa do Condado de Centroville

É bem mais sensato e corriqueiro

Do que o lugar que eu vim.

- E onde é este lugar?

- Nas profundezas do além,

Da sua pura imaginação.

Onde flores crescem somente com um olhar sincero!!

(Carlos André)

O Tempo e o Vento

Que nossas preces intercedam

Que os anjos digam “Amém, e Aleluia”

Ajeitem os ponteiros do relógio

Acertem de fato o coração amado

E a mulher e o homem se entendam de vez.

Que nossas preces não sejam tão tardias

Outrora, futuras, em vão

O vento vai varrendo as folhas

E o tempo solidificando o chão

Deste nosso contentamento

Quase descrente

Louco prudente

Nas asas do querer!!

(Carlos André)

Dois corpos no Vazio

Dois corpos unidos

No meio de um vazio

De dor e esperança.

Dois corpos em um só

Refletidos diante do espelho da Vida

A origem da nossa luta

O mundo revertido

E a nossa saudade não derrotada!!

(Carlos André)

Os Frutos da terra

O arado,

da terra,

Se faz...

em frutos

de bom gosto.

Na mesa há fartura:

De uva, morango e melancia

E uma faca do lado

Esperando para partir

E saborear com as mãos

O doce e amargo

Dos frutos na mesa

Por entre os lábios carnudos!!

(Carlos André)

Solitudine

Anjos caídos

Asas quebradas

Virtudes corrompidas.

Ele a disse que a amaria

E ela não se importou

Com aqueles seus sentimentos.

Quando tudo estiver consertado

Já penso em asas batendo no ar!!

(Carlos André)

Levantou-se do túmulo

E saiu a caminhar pelo mundo

Passou por entre ruas desertas

Sem nenhuma alma viva

Tentou abrir a porta do bar

Para que a desse pelo menos um conhaque

Pois seu casamento na vida passada

Deu tudo errado

O noivo a traiu

Levantou-se durante a festa de despedida de solteiro

E fugiu com outra.

A porta do bar estava fechada

Sem nenhum sinal de ninguém lá dentro

E a única coisa que ela podia fazer

Era retornar para casa

Visitar os parentes vivos que há tanto tempo não via!!

(Carlos André)

Almas desnudas

Se vista de alma

Se invista

No que te faz bem.

Os murros

As grades

Há fronteira

E os meninos na FEBEM.

Se há alguém

Que te faça sorrir

Então procure

Entre rios, lagos, riachos

Seus filhos

Tua sina

A paisagem quase seca

Oásis da alma!!

(Carlos André)

Víctor Jara

Teu canto?

É o canto dos oprimidos

Dos que foram injustiçados no passado

Tiveram vidas amargas

Parentes torturados, desaparecidos.

A tua voz?

Aliviava as dores

da pátria

chilena;

Do sangue

dos

inocentes;

Das filhas

Sem pai, ou talvez sem mãe

Pátria maternal.

E o destino?

A Ditadura de Pinochet te puniu

Mas mesmo assim

Tua voz ecoa nos porões da justiça

Onde cada canto é um canto não general

E se faz presente nas tristes mazelas latino-americanas!!

(Carlos André)

De que Planeta tu és?

- Eu?

- Sim.

- Eu sou do Planeta bem pequeno, nos olhos dos homens de mau coração.

- Você mora sozinho neste Planeta?

- Não moro sozinho. Eu tenho minha rosa, que é única, para me fazer companhia, além de alguns vulcões que estão sempre entrando em atividade. Ah, já ia me esquecendo. Eu tenho um amigo lá do mundo dos homens de negócios: ele é um aviador.

- É bom não estarmos sozinhos no mundo, seja onde for, ou em qualquer planeta. E você ama sua rosa, feito as outras?

- Que outras?

- A sua rosa pode ser única para ti, mas existem outras em diferentes planetas.

- Mas é que ela é especial. Nós cativamos um ao outro. Embora às vezes ela tenha suas vaidades.

- Pois então, a rosa do meu Planeta, também têm certas vaidades, e sonhos. Está ficando tarde, e o Sol já está saindo. Depois iremos conversar a respeito de suas andanças pelo mundo. Até mais, e quando encontrar o seu amigo aviador, diga-lhe se ele já consertou a pane que deu no sistema.

- Sim, eu direi. Até breve, e qual é o seu nome?

- Meu nome é o que está escondido: por entre a Lua crescente e a Estrela!!

(Carlos André)

Ampulheta

Já se foi muito tempo

E você está aí, imóvel

Plantada, vendo os móveis da casa pegando poeira

E as “boas” línguas dizem:

- Ainda há tempo!

Mas tempo para quê?

Pois o passado e o presente estão se confrontando

Verifique:

Olhe seu passado

Enquanto eu me visto com o meu presente

E lá no futuro do nosso subjetivo

Estará a chave para abrir

Este seu tão difícil coração!!

(Carlos André)

Pássaros

Muitos do bando não sabem para onde vão

São raros os estados

Desajustados

Que progridem.

...e observem: eles são bem parecidos fisicamente.

Daquele meio, saiu alguém, desesperado, voando

Não sei para onde foi

E nem sei se irá voltar.

Ela se foi

E ele ficou

Poucos não entendem

Enquanto outros custam decifrar

O enigma da lei do retorno.

Embora, por mais que muitos já foram embora

Desistiram, morreram no meio do caminho

De fome e sede

Mataram-se, ou foram mal jugados, conjugados

Ainda dar tempo para cruzarmos os céus e vários horizontes

Então, se aprumem, consertem suas asas, e...

Voem!!

(Carlos André)