quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Análise do livro “O Peso do Pássaro Morto”, da escritora Aline Bei























A minha primeira impressão ao terminar de ler “O Peso do Pássaro Morto” (2017, Editora Nós), da escritora paulistana Aline Bei, foi uma impressão daquelas bem fortes, como se no meu lado direito houvesse um quadro impressionista de Monet, representando toda uma suavidade romântica da paisagem, dos lagos e dos campos floridos; e do meu lado esquerdo, houvesse um quadro naturalista de Goya delineando os espaços dessa paisagem de Monet, com uma carga de brutalidade nada romântica; do “peso” que poderão ter as escolhas que fazemos em nossas vidas.
Aline soube com maestria, guiar o leitor nesses meandros do que chamamos de existência humana, ou propriamente existencialismo sartreriano, para alguns.
A personagem (que não sabemos o nome, e isso é um trunfo literário magnífico, para aqueles que gostam de definir só com um nome, uma pessoa) do romance poema, ou poema romance - e notemos que o importante aqui, não é delimitar em definir o que é exatamente prosa do verso -, pois ambas, seja a prosa ou o verso, misturam-se; são carnes do mesmo sangue, porém, com diferentes maneiras de ocupar o espaço na linha, do papel, do livro; que também no livro não há linhas, então não há regras, e se há regras, fomos “nós” que a inventamos.
Inventamos a nossa própria maneira, mesmo com certas influências em outros literatos, de se fazer Literatura. Pois é preciso olhar pra trás (sim), para vermos o que foi feito, para fazermos de outra forma, do nosso próprio jeito.
Falando em influências literárias, este romance em poema, me fez lembrar a escrita do fazer contínuo dentro das utilidades que existem na natureza de Manoel de Barros, junto da completude dentro do espaço da pequenez de um verso de Paulo Leminski (o chamado haicai). Posso até está errado, e a Aline pode me corrigi caso eu esteja, mas acredito que a romancista Aline Bei bebeu um pouco na fonte de um dos dois, ou dos dois, alado da dureza e leveza angelical da Clarice Lispector.
O “peso” de maturidade do romance, que no início é narrada a infância da personagem, esse peso fica meio escondido, pronto para dar o bote na hora certa, nas virtudes do universo pueril da personagem, que na sua tenra idade, ainda não está preparada para saber do porquê de tantas coisas acontecerem ao seu redor, sem que ao menos ela tenha uma explicação verdadeira para aquilo ocorrer.
Para finalizar, ocorrem-me algumas indagações com o meu “eu” lírico interior: e o velho sábio Luís? Nem sempre a personagem terá o seu “Luís” para a vida toda. E a sua melhor amiga de infância, a Carla? Nem sempre as vidas cruéis cortadas nos dentes afiados do cachorro, podem devolver de volta o nosso presente de muito esmero, ou quem sabe uma relíquia guardada num baú, debaixo da cama que há séculos está ali. E as cartas, elas sempre caem no endereço certo? Isso se o vento permitir. Se não tivesse ocorrido no ápice da adolescência, a fase adulta da personagem seria outra? Bem provável que haveria outros rumos, diferentes dos que foram tomados, mas ela não tem culpa; sim, há um “peso” de ira na barriga. E o carrasco do Pedro, onde ele está agora? Ele fugiu para bem longe, e ela não quer pensar, nem sentir mais o cheiro horripilante e desprezível dele (não há amor no que é forçado). O Lucas saberá no futuro da verdade? Somente aquele homem perto do túmulo, pode lhe dizer o PESO do PÁSSARO MORTO!!

(Carlos André)

Farol












 Na palma da minha mão direita tem a letra K, e na palma da minha mão esquerda tem a letra M. Tomara que ela leia e reflita em relação a essa crônica que escrevi, pois hoje acordei, lavei o rosto, preparei o café, coloquei a minha melhor roupa que havia, e sentei no sofá e antes de ler o meu jornal, eu pensei que...
Às vezes é necessário nos afastar da monotonia do cotidiano, ir para um lugar bem longe, longe de toda essa correria de metrópole, cidade grande que nos tornamos, e retornamos ilesos e prontos para uma nova jornada.
Às vezes é preciso precaver, dizer para as pessoas essenciais de nossas vidas, o quanto as amamos: não sabemos ao certo que hora iremos partir, e se estaremos preparados para o peso da bagagem, de nossas culpas; pecados e danos.
Às vezes nem sempre o caminho que seguimos, no fim parecerá o mesmo daquilo que vimos no início. Será que ela finge dor, para ocasionar compaixão? Ela sabe que as ações que ela tomar sem pensar, irá machucá-la muito. Ela já está na fase amadurecimento (constante). Nós estamos...
Muitas vezes nem sabemos ao certo o que há depois das luzes do farol, depois do beijo quente e da noite mal dormida, e quando acordarmos, nós não saberemos ao certo se isso foi um sonho, ou um mero devaneio de esperança: quem sabe, talvez!!

(Carlos André)

Elizabeth: a Ninfa dos Campos Floridos



















- Ei! Você que está aí do outro lado, você consegue me ouvir?
- Olá, ninfa Elizabeth! Sim, eu consigo lhe ouvir! O que há desta vez?
- Eu ando muito preocupada com a sociedade lá de baixo. Aqui de cima do campo, temos uma compreensão melhor das fraquezas e virtudes que as pessoas que dizem serem civilizadas, cometem lá embaixo.
- Ninfa Elizabeth, e o que essas pessoas estão cometendo lá embaixo? Quem são realmente essas pessoas?
- São as pessoas com más influências que eu nunca quero andar, se eu estivesse lá embaixo! Não posso nomeá-las, seria pecado muito mais que infame e ultrajante!
- E de qual perfil de pessoa humana você gosta mais, e que você chamaria para o seu lado?
- Essa pergunta é facílima de responder: gosto de pessoas com virtude e sinceridade, que digam a VERDADE dos seus sentimentos, ao invés de sempre escondê-los no manto escuro e imprudente do desamor.
- E você já se apaixonou alguma vez por algum humano?
- Sim, e este humano se aproximava das minhas virtuoses características. No fim, nos separamos, pois este humano não desejou conhecer o meu reino. Além do mais, eu ficava visitando-o lá embaixo, e ele não demonstrava nenhum interesse de vim até aqui em cima, conhecer o lugar onde eu morava. Resultado final: não houve um sentimento recíproco da parte dele.
- Sinto muito! Amar tem disso mesmo. E o que mais lhe preocupa lá embaixo?
- A devastação da natureza. Por aqui, os campos são bem floridos, as borboletas pousam em nossos cabelos; o riacho debaixo da ponte, não seca e percorre o seu percurso num ritmo constante; as macieiras sempre estão repletas de maçã; chove no momento certo em cada estação.
- É uma lástima aqui embaixo não ser tão ajustado quanto o que parece ser o seu reino aí de cima. Há outra coisa a mais, Elizabeth?
- Gosto quando você me chama só por Elizabeth, ao invés de ninfa Elizabeth, isso prova que já somos amigos íntimos.
- Saiba que eu gosto de conversar contigo.
- Sim, e isso é verdadeiro. Por enquanto é só isso. Mas quando aparecer algo que me incomode, que mecha com as minhas virtudes, eu chamarei você, meu querido fiel mensageiro.
- Sim, pode contar comigo. Até uma próxima vez, minha amiga Elizabeth, a ninfa dos campos floridos!
- Até aos novos momentos auspiciosos da natureza, meu amigo Tempo!!

(Carlos André)

Mini: o Conto












Mini era uma criança que sabia se resumir quando era preciso, pois naqueles tempos, onde os caminhos eram floridos e as cerejeiras eram maduras, a sabedoria tinha que andar junto da pequenez e da grandeza: meandros da consciência da mente humana.
Mini dizia para sua melhor amiga, Íris:
- Íris, eu gosto muito quando você aparece depois da chuva! Você me traz sentimentos bons!
- Mini, agradeço pelo elogio singelo. É uma pena que eu tenho que ir. Até uma próxima vez!
- Até, amiga Íris!
Mini agora apressava os passos para não chegar atrasado à casa de sua avó. Mini, além de levar flores em seu cesto, levava também: um conto pequeno!!

(Carlos André)

Palavra e Imagem



Imagine um poema sem imagem
Sem uma imagem que pudesse enfeitar com adornos
- Como se fosse um quadro -
O poema com seus versos.

Agora imagine uma casa sem telhado e parede
Mesmo faltando parede e telhado
E tendo simplesmente o piso para firmarmos o pé
Mesmo assim seria casa
Em sua essência desprevenida.

Nessa era das mídias digitais, e principalmente do “facebook”
O texto e a imagem podem realmente complementar-se
Ou não.
Outras vezes o próprio autor escolhe deixar o seu texto
Livre e solto, para passear no campo
Sem ter por perto, alguma imagem que descreva o seu texto.

Mas quando ficar muito tarde e começar a escurecer
Estará na hora do texto retornar para casa.
Só espero que eles não se machuquem no meio do caminho!!

(Carlos André)

Borboletáveis


Borboleta a verde haste da flor
Borboletemos as esperanças de paz
Na cor das pétalas em lilás e brancas
O verde que havia desbotado no verão passado
Porque não regamos
Não cuidamos do nosso jardim como merecia
E com a mudança da estação
O que nos restou da triste natureza:
foi a borboleta beijando a tenra saudade da flor!!

(Carlos André)

Bolhas de Sabão



O contato da água com o sabão
O contato da vida com a morte
No contato do sabão com a água
E da água com o sabão
Da morte com a vida
Da vida sem a morte.
Se fosse possível não aceitar
A lei natural da vida
A bolha de sabão não se formaria
A morte não ocorreria
E as crianças não ficariam contentes com a bolha de sabão.

Dentro daquela película há segredos
De que a vida não esconde do lado de fora
Como se num instante oportuno
O ar da bolha não ousasse fugir
Voltaríamos a nossa infância
Lembraríamos de muitos feitos
Do que ficou para trás e não tem mais volta
E vê se não se revolta
Pois há bolhas de sabão lá fora!!

(Carlos André)

Mudanças de Planos














Se traçássemos uma linha que ligasse o infinito com o horizonte
Que encontrássemos os artigos indefinidos dos pronomes
Que ela e ele se entendessem numa só palavra
A nossa vida seria mais organizada e muito mais vivida
Como é bom viver e saber que está vivo.

Se pudéssemos fingir neblina dentro do espaço opaco
Talvez num curto espaço de tempo
Ele a convidasse para seguir o caminho no seu guarda-chuva
Sendo que após a neblina poderia cair chuva forte
Trovões e muitos relâmpagos.

Se a correnteza dos rios não fosse tão forte
Ela o convidaria para nadar até a outra margem
E quando chegarem do outro lado
Ela o amaria bem mais cedo antes que seja tarde
Tarde demais para sentirem por dentro o pôr-do-sol.

Se os ventos fizessem de tão calmos e serenos
Os pássaros não levantariam vôo
As sementes não brotariam
E a natureza não seria tão dinâmica.

Agora ela segue o voo dos pássaros!!

(Carlos André)

O que eu vejo?


Não é exatamente o que você vê é o que vejo
O que sinto não é exatamente o que você deve sentir
Nossas sensações não são as mesmas daquilo que a sociedade quis nos impor
Os seus versos não são exatamente versos
É algo que se confunde com prosa
Narrações mirabolantes.

O ciúme saudável que eu sinto por você é diferente de todos os ciúmes que eu já sentir
Você sabe que eu gosto de você
Mas ainda não sabe das pessoas que gostam realmente de mim.

Aqui não é válido brincar de enganar
Deturpar sentimentos que nasceram verdadeiros
Mas que o status quo da sociedade configurou em mentiras
As antiguidades da vida talvez não voltem mais.

O que eu vejo não é exatamente o que você vê
Mas eu queria tanto...
Que pelo menos você visse um terço da parte do Todo
De tudo que eu já vi e aprendi
Com os erros da vida
E ela nos ensina!!

(Carlos André)  

Flores Lilases e Brancas




























Azul é minha cor favorita
E eu já disse isso numa outra vez
Mas para que os leitores não se sintam... tão repetitivos... e embriagados poética a mente
Direi de outra forma com a utilização de duas cores:
Lilás é a cor do vestido da mulher que já gostei;
Lilás é a cor do batom da mulher que já beijei;
Lilás é a cor do pensamento profundo da mulher que eu levei pra cama e fiz amor;
Lilás é a cor das unhas das mãos brancas e sensíveis
Da mulher que um dia eu ofereci
Flores lilases e brancas!!

(Carlos André)

Cérebro do Corpo Humano-Linguagem





















O motor que impulsiona todas as nossas ações é o cérebro
Por isso, cuide bem dele
Cuide bem de sua saúde mental.

Por dentro, há o córtex cerebral
Dividido em lóbulos que exercerá funções distintas
Esses lóbulos-corpos aglomeram-se formando sulcos
Dando espaços para os sagrados neurônios-corpos
Que movimentam em certas pessoas numa velocidade intensa
Que na comunicação dos neurotransmissores
Surge um das funções que é o poder da Linguagem Humana
Que está localizada no Lobo Frontal-Corpo.

Para que não haja uma Terceira Grande Guerra dentro da cabeça
E se considerarmos também, que em outros lóbulos há funções:
Dos sentimentos;
Do toque, da dor e sensação;
Do pensamento crítico e avançado;
Da percepção visual do espaço;
E da memória de guardar e proteger;
É imprescindível que os dois hemisférios comuniquem
Entrem em um acordo de paz, ou melhor, entendam de uma vez!!

(Carlos André)

Homem Insólito













Entrego em suas mãos o homem que pensa e sabe o que faz
Ele não é imagem e semelhança aos homens que existem por aí
Por isso que ele se chama Homem Insólito
E quando o avistamos
Nós passamos a desconhecer a inocência do mundo.

Entrego em suas mãos o vosso perdão da crueldade que ainda existe e persiste
Que você também já cometeu.
Mas ela, a crueldade, é diferente de tantas outras épocas que rondaram a nossa Terra
Por isso que eu a chamo de Crueldade Destemida
E quando a conhecemos de tão perto
Passamos a desejar que toda história acabe bem.

Entrego em suas mãos a Criação deste mundo e o teu Pensamento
A primeira - a Criação – eu sei que um dia crescerá e desvendará o mundo lá fora
No entanto, o Pensamento é o que há de mais sagrado
Dentro do Homem que fez a Criação!!

(Carlos André)