terça-feira, 17 de maio de 2016

Poema - Ata-me!

Ata-me!









Desate-me em desatino.
Reate-me minha memória com minha eterna lembrança
A má lembrança joga-as fora.
Não quero que este amor me acorrente em destinos
Desatar nós...
Meu corpo ao teu
Em teu domínio minha bruta flor do querer.
Meu encanto, desencanto, puro engano
Esta saliva...
Minha doce saliva
Em teu corpo salgado
Meu costume doentio prazer não mais doentio
Tua fome, minha sede, que sacio neste momento
A ideia...
Tua ideia, vossa ideia
Minha tese de doutorado
A vosmecê que me chamas:
-Venhas pra perto de mim!
O tudo, nonada...
Um nada que diz tudo
O tudo que não diz nada.
A parte que me aquece
A outra metade me devora.
Um líquido branco que resume a obra-prima:
O esperma que escorre em câmera lenta
Dentro da vagina
Enquanto os personagens da vida real
Fazem amor na cama
Demonstram todo o desejo carnal que flui pelo corpo!
Em certos sentidos, há certas verossimilhanças
Do opaco a gravidade do corpo
Da maçã que despenca da macieira
Ao que se explica a supremacia das borboletas
No que se aplica não é exatamente o que se explica
Freud a Carl Jung.
Certas mulheres com aspecto de histeria
Certos homens que não sabem decorar teu jardim
Arrancar uma flor do jardim
E levar para tua amada
Para que ela decore teus dias, tua alma
Nas cores azuis, brancas e vermelhas
O sol desenhado com o giz
Que não apaga quando vem a chuva
Vou-me lembrar de minha infância
Da minha terna infância, dos teus olhos!
O segredo entre eles
O simples e singelo gostar de quem gosta
Nunca vou esquecer-me de ti.
Embora não se perceba tanto...
A monotonia da vida vai criando labirintos
Os dias estão a passar rápido
As flores não são mais as mesmas de tempos atrás
Nem o batom...
O charuto no cinzeiro
Nem os orgasmos são mais os mesmos
Talvez nem a cor do sutiã e do sapato.
Já os lábios são os mesmos.
As palavras também não são mais as mesmas
Há quadros antiquados na parede
Um frio que nunca se sentira
Uma xícara e um pires, o café na mesa
E uma máquina de escrever que nunca foi usada
O barulho...
Dedos que batem nas teclas e ativam ideias
E surgem palavras
Momentos...
Desatem as coincidências
Ata-me a ti.
A mulher com o destino traçado
Coincidência ou não
O encontro marcado, entre ambos
Quero lhe encontrar...
O calor que há entre dois corpos
Como uma paixão que começa a crescer e não tem fim
Este amor que nunca cansa de existir
Eu dentro de ti
Para sempre...


(Autor: Carlos André)

Poema - La vitta è bella

La vitta è bella


















Hoje o céu está tão lindo!
Com sinal de chuva...
Correr no campo
E ir a procura daquilo que faz sentido.


Um vento mansinho
Balança meus longos cabelos
Deixa meu corpo leve, solto, no vento!


Acordei hoje bem cedo
Para jogar no lixo meus enganos
Reorganizar meu calendário
Acertar minhas contas com o destino.


Hoje acordei bem cedo
Para viver bem cedo
Para amar bem cedo
Sem sentir os anos passarem.


Quero ouvir o barulho harmônico
Dos pingos de chuva no telhado
Agarrar-me ao cobertor.
Esperando que você venhas pro café!


Quando chegares à tarde
Vou-me deitar na relva
Caçar borboletas
Apalpar os lírios do campo
E me esbaldar de pura nostalgia.


Vou abrir uma página de um bom livro
Pra me expor ao por-do-sol
Naufragar em meu exterior
Pra entender meu interior
E se fores verdade
Vou olhar no fundo dos teus olhos
E responder inevitavelmente que “Sim”!



(Autor: Carlos André)

Poema - Beije-me

Beije-me







Cada poeta tem sua musa
Como daquelas esculturas de Rodin
Então me beije...
Não espere nem mais um pouco
Venha e abrace-me
Beije-me inesperadamente
Sem que eu esteja esperando.

Beije-me sem nenhum pranto
Deixe-me leve
Feito espuma do mar, ao vento
Que venhas e não sejas passageira
Venhas e traga pra mim a eternidade.

Beije-me...
Encoste tua língua na minha
Por cima do batom vermelho
Experimente o gosto doce dos lábios
Não se esqueça das flores
Dos jarros de flores na janela
Não se esqueças de dizer:
-Até breve!
Quando estiveres de partir.

Raios do sol iluminando as flores, as camélias e jasmins.
Um olhar singelo que olhas pra mim
Dizendo que me amas
E que queres ficar...

Beije-me...
Não só por agora
Mas por todo momento que se fez distante em meu coração
Beije-me e arranque um suspiro dos lábios
Deixe-me sem fôlego
Dispas minha alma
E que tu me faças descobrir
Todo universo que há ao meu redor!


(Autor: Carlos André)

Poema - Carne trêmula

Carne trêmula









Já sinto saudade
Do teu gosto em minha boca
Da tua mão afagando meu rosto
De assistirmos juntos filmes de Almodóvar.

Sinto falta do teu corpo
Quando meu espírito voa longe...

Sinto saudade da última noite de amor que fizemos
Da última taça de vinho que bebemos
Das últimas estrofes
Dos últimos olhares
Das últimas promessas
Deste intenso arrepio
Percorrendo dentro da vagina
A tremura das coxas, dos seios e do quadril
Junto com o calor do teu corpo
De você dentro de mim!

Sinto falta dos teus beijos e abraços
Da cor do teu cabelo
Dos teus pés encostados nos meus
Antes de dormir
A luz que se apaga
E no escuro sonhamos juntos!

Saudades são como boas poesias
Que nos faz reviver momentos únicos
E dizer que já me sinto mais forte
Olho por céu à noite e vislumbro a luz da Lua
Penso em ti...
Quanta magia há no brilho das estrelas?

Sinto tanta falta em dizer que te amo
Então escrevo na carta...
Na areia, com o batom no espelho do banheiro
Palavras modestas dizem mais
Quando na verdade o que queremos mesmo
É só sentir!


(Autor: Carlos André)

Poema - A bruta flor do querer

A Bruta flor do querer












Mulheres que definitivamente se apaixonam
Mulheres de óculos, mulheres sem óculos
De olhos azuis, verdes, e castanhos
De cabelos curtos, longos.


Mulheres de SEIOS maiúsculos, de seios pequenos
Mulheres com calcinha azul, branca, vermelha ou amarela
O cheiro da vagina
Mulheres sem maquiagem, com maquiagem
Com short curto, de vestido, ou com um tomara que caia!


Mulheres de salto alto
Com sapatilhas
Ou com um tênis all star azul
Mulheres de batom vermelho, de batom azul
Algumas que usam preto, estilo gótico
Mulheres que dizem a verdade
Dizem mentiras
Que desafiam a lei da gravidade!


Mulheres que se excitam
Mulheres molhadas por baixo da calcinha
Que alisam teu clitóris
Que acariciam os lábios carnosos da boceta
Que os abre como pétalas de uma flor
Que se masturbam no banho
Que fazem amor debaixo do chuveiro
Mulheres que adoram um sexo oral!


Mulheres que querem fazer amor quando estão menstruadas
Que se excitam ainda mais nesse período
A mancha de sangue no lençol
Palavras bonitas ditas
Quando estamos amando
Uma corrente de ar fria que entra pela persiana da janela
Condensando-se nos corpos banhados de suor!


Pênis que se excita, fica ereto
A mulher que desabotoa o zíper
Enfia o pênis dentro da tua vagina
Posiciona-se por cima e se remexe como ondas do mar em plena ressaca
Ela pula, rebola...
Repleta de tesão fica trêmula
O pênis penetrando-a em câmera lenta
E ela dizendo para teu marido:
-Amor, eu estou gozando!


Mulheres que descobrem teu ponto G
Algumas fazem amor, cheias de instintos selvagens
Outras com certa delicadeza
Um toque de suavidade
O arrepio na ponta dos dedos!


Mulheres revolucionárias!
Socialistas...
Mulheres que gostam de pinturas de Renoir, Van Gogh
Mulheres que discursam em público
Defendem tua ideologia
Mulheres que protestam nas ruas, que são ativistas
Mulheres nuas, seminuas, semideusas
Mulheres tímidas, incontidas, extrovertidas
Mulheres que dizem o que sentem
Mulheres que não dizem o que sentem e se prendem
Mulheres sentimentais
Mulheres de coração aberto!


Há certas mulheres que gostam de astrologia
De interpretar as estrelas, os cometas
De imaginar coisas fantásticas acontecendo
Mulheres futuristas
Mulheres que vão ao teatro, que fazem teatro
Mulheres com piercing, tatuagens
Mulheres que recebem buquês de rosas
Que bebem vinho, uísque, dry martini
Mulheres boêmias.
Mulheres culturais!


Este desejo carnal, que nos consomem
Devora-nos...
Feito fogo e gelo
Numa dança que vai contagiando o nosso corpo
Mostrando quais são os caminhos
Sei o que tu pensas, e o que estás pensando agora
Pensamentos que fluem repentinamente
E teu coração bate mais forte
Um momento único para ser FELIZ!


(Autor: Carlos André)

domingo, 8 de maio de 2016

Poema - Cachecol

Cachecol

Já me sinto distante
A procura de um refrão
De uma palavra que rime com amor e saudade.

Sinto teu gosto
E mesmo distante
Alguma vez e caso aconteça
Ou na falta de palavras
Isto é tudo que eu tenho pra lhe dizer!
Percebo que já existo em você
Nossas discussões do passado
Fizeram-nos ver o erro que cometemos.

A brutalidade humana
Cospe incertezas, pelas quais
Não quero convir, se me desejas
Mas se você vir, tudo bem
Estou te esperando
Vou deixar a porta aberta
E preparar o café!

Amantes do Café Flore:
- Meu pequeno príncipe!
- Minha pequena princesa!
O beijo tímido se desfaz em segredos
Nossas emoções se estendem neste mar infinito
Profundos desejos que inundam o nosso corpo
Desenho uma rosa pra ti:
- Qual cor que tu queres as pétalas?
- Da bela cor vermelha!

Enrolado no cachecol
Vou caminhando a passos rasos
Pisando em cada êxtase fatal!
Aprendendo a viver e a amar
Quando amamos
Descobrimos o mundo ao nosso redor!

Pontas de cigarro no cinzeiro
O batom retocado no banheiro
Pensamentos entrecortados
Pela tua respiração
Pelo teu gozo enquanto fazemos amor
Por um sistema que se reinventa
Na luz que se apaga
Enquanto a cidade dorme!

E o homem continua a caminhar...
E no que ele pensa?
Ele pensa a falta
De não ter sentido!


(Autor: Carlos André)