Desate-me em desatino.
Reate-me minha memória
com minha eterna lembrança
A má lembrança joga-as
fora.
Não quero que este amor
me acorrente em destinos
Desatar nós...
Meu corpo ao teu
Em teu domínio minha
bruta flor do querer.
Meu encanto,
desencanto, puro engano
Esta saliva...
Minha doce saliva
Em teu corpo salgado
Meu costume doentio
prazer não mais doentio
Tua fome, minha sede,
que sacio neste momento
A ideia...
Tua ideia, vossa ideia
Minha tese de doutorado
A vosmecê que me chamas:
-Venhas pra perto de
mim!
O tudo, nonada...
Um nada que diz tudo
O tudo que não diz
nada.
A parte que me aquece
A outra metade me
devora.
Um líquido branco que
resume a obra-prima:
O esperma que escorre
em câmera lenta
Dentro da vagina
Enquanto os personagens
da vida real
Fazem amor na cama
Demonstram todo o
desejo carnal que flui pelo corpo!
Em certos sentidos, há
certas verossimilhanças
Do opaco a gravidade do
corpo
Da maçã que despenca da
macieira
Ao que se explica a
supremacia das borboletas
No que se aplica não é
exatamente o que se explica
Freud a Carl Jung.
Certas mulheres com
aspecto de histeria
Certos homens que não
sabem decorar teu jardim
Arrancar uma flor do
jardim
E levar para tua amada
Para que ela decore
teus dias, tua alma
Nas cores azuis,
brancas e vermelhas
O sol desenhado com o
giz
Que não apaga quando
vem a chuva
Vou-me lembrar de minha
infância
Da minha terna
infância, dos teus olhos!
O segredo entre eles
O simples e singelo
gostar de quem gosta
Nunca vou esquecer-me
de ti.
Embora não se perceba
tanto...
A monotonia da vida vai
criando labirintos
Os dias estão a passar
rápido
As flores não são mais
as mesmas de tempos atrás
Nem o batom...
O charuto no cinzeiro
Nem os orgasmos são
mais os mesmos
Talvez nem a cor do
sutiã e do sapato.
Já os lábios são os
mesmos.
As palavras também não
são mais as mesmas
Há quadros antiquados
na parede
Um frio que nunca se
sentira
Uma xícara e um pires,
o café na mesa
E uma máquina de
escrever que nunca foi usada
O barulho...
Dedos que batem nas teclas
e ativam ideias
E surgem palavras
Momentos...
Desatem as
coincidências
Ata-me a ti.
A mulher com o destino
traçado
Coincidência ou não
O encontro marcado,
entre ambos
Quero lhe encontrar...
O calor que há entre
dois corpos
Como uma paixão que
começa a crescer e não tem fim
Este amor que nunca
cansa de existir
Eu dentro de ti
Para sempre...
(Autor: Carlos André)