Emergir

Para o acaso

O que vier a ser

Solto, profundo, raso

Um caso constante

Língua falante

Na sala submersa

Antes era desejo reprimido

Agora emergiu

E deixou de ser profundidade

O acaso diante da sala de estar!!

(Carlos André)

O Mergulho

Sentirei sua falta

Do seu sorriso

E de sua simplicidade.

Diga-me:

- Por que agora?

Por que você está partindo?

Eu gosto tanto de ti.

Falta preencher o espaço deixado

A cor que borrou com água

Os traços delgados do vestido

A lapiseira que não conseguiu fechar o coração

Os olhares que se desencontraram em meio à ilusão

E não obstruíram o outro lado da superfície!!

(Carlos André)

Análise do Musical “O Fantasma da Ópera”

Ao assistir o musical “O Fantasma da Ópera” no Teatro Santa Izabel, realizado pelos “Musicais Famosos” e o “Coral Universitário” organizado pelo Fred, que tocou piano com maestria, imaginei o cenário operístico parisiense no início do século XX.

Ambos os corais atenderam minhas expectativas, por mais que eu esperava um musical mais “livre” (espaço em palco) em algumas cenas como presenciei em “Les Misérables”, principalmente uma cena mais aprofundada entre o Fantasma (interpretado pelo Luiz Mafra) e Christine Daaé (interpretada pela Joanne Fernandes), mas por ser musical Ópera, equilibrado muito bem pelo Coral logo atrás, que dava essa sustentação, tornou-se magnífico assistir essa nova versão, e se encantar pela “The Point of no Return”, pela clássica e que intitula a obra “The Phantom of the Opera”, e aquela que se tornou a minha música favorita do espetáculo, a mais singela e suave de todas: “Angel of Music”.

Acredito que Gaston Leroux já imaginava essa grande dinâmica que seu romance revolucionaria a Ópera (na França, entre outros países) no início do século, e também a forma de mudar a concepção de Teatro. Parabenizo a todos por este grande espetáculo!!

(Carlos André)

Marilyn Monroe: a Grande Leitora

Ela gostava de ler James Joyce

Walt Whitman

Adorava Dostoiévski

Truman Capote era um dos seus amigos escritores

Apaixonava-se pelo heroísmo

Daqueles personagens dos romances

Ela foi casada com o dramaturgo Arthur Miller.

Ela tinha uma Biblioteca individual com mais de 400 livros

Ela conseguiu destruir o rótulo

De “loira burra” dos filmes hollywoodianos

Esqueçam o rótulo de corpo “sexy” e “fitness”

Pois Marilyn Monroe foi muito mais do que isso

Ela construiu ao longo do tempo

A imagem de uma leitora de grandes romances, poesias

Marilyn se tornou uma bela mulher inteligente!!

(Carlos André)

Encontros da Vida

O abraço apertado

Daqueles que têm muito tempo

Que não se encontram na vida.

O abraço de quem sabe

O quanto especial é

Palavras sussurradas

No doce beijo no dorso do ouvido.

Coração petrificado

Começa a pulsar como um fogo ardente

Debaixo do gelo

Que outrora congelou o sentimento.

Ouço o barulho de dois corpos se abraçando

O corpo não parece querer sair

E paralisados feito esculturas de bronze

Estão a contemplar o encontro!!

(Carlos André)

Nascimento e Morte

Tantas pessoas eu já perdi

Seja pelos caminhos errados da vida

Ou porque morreram em vão.

Eu sinto que você

Ainda chora por dentro.

Tenho medo de morrer

Sem saber o que o outro lado esconde.

Por que eles foram comer o fruto proibido?

Você ainda mora aqui

E finge não vê

O que se quer sente

Você ainda mora no meu coração.

Seria bom se não morrêssemos

E somente nascêssemos

Para que isso tudo fizesse alguma Razão!!

(Carlos André)

Um café expresso, por favor!!

Diante de sua vista

Havia um senhor de óculos preto

Lendo silenciosamente o seu jornal

Também havia uma mãe

Agarrando carinhosamente a mão do filho pequeno

Que olhava com fome e curiosidade no balcão

A garçonete partindo o bolo

E o homem ao lado, com ar de jovem, quase adulto

Observava-o querendo lhe dizer algo.

Diante dos fatos ali apresentados

A mulher com unhas de esmalte vermelho

Que estava sentada na mesa de frente

Escrevendo as crônicas do dia

Percebe que havia pedido um café expresso

E este estava ali parado, quase esfriando

Então, simplesmente ela resolve bebê-lo!!

(Carlos André)

Duas Xícaras com Chocolate Quente

- O garçom está vindo, então o que você vai querer?

- Eu quero uma xícara com chocolate quente!

- Sim! Eu também vou querer o mesmo.

- Duas xícaras de chocolate quente!

- É pra já!

Quando as duas xícaras com chocolate quente chegaram

E antes de serem depositadas

Uma em cada lado sobre a mesa

Algo de inusitado aconteceu:

As xícaras pularam da bandeja

E ali, em cima da mesa

Começaram a se beijar

Como se aquilo fosse a representação máxima

Do que os dois que pediram o mesmo pedido

Estavam sentido, mas não conseguiam executar!!

(Carlos André)

Não sei se você percebeu: mas eu escrevo sobre você!!

Nossos abraços e olhares serão eternos?

A percepção viverá para sempre?

A quentura do nosso corpo tende a ser

Uma explicação da termodinâmica dos nossos sentimentos?

Será que este dia chegará

Onde você não errará mais o caminho?

São tantas indagações

Que às vezes paro pra pensar

Que há um grande significado escondido:

Num simples abraço;

Na pressa desocupada;

De que logo temos que ir ali;

Nas palavras engasgadas na garganta;

Num simples pedido de desculpas;

Num simples beijo inesperado;

Na xícara de café que se espalha em cacos pelo chão;

Na simples roupa que você muda;

Na simples mudança do cabelo;

Na mudança da cor do batom.

Não sei se deu pra perceber

Mas se não desvendou ainda o mistério

Eu escrevo sobre você!!

(Carlos André)

Uma Sonata ao som do Vento

Abra as cortinas

E deixe a janela aberta

Deixe o ar entrar nos cômodos da casa

Ventile o seu quarto

Molde à essência

E seja importante para alguém.

Cuide das cortinas

E deixe a janela aberta

Descubram seus verdadeiros amigos

Crie uma composição nova no piano

E a cada dia não desista de pensar

Que o próximo dia é tão importante quanto o primeiro!!

(Carlos André)

Fases: luas e acrobacias

O entardecer...

Aquilo que o corpo sente

Desses corações descrentes

Por não saber.

Anoiteceu...

Em giro, rodopio, acrobacias

O nó que desata em solução

Os pés para fora do concreto

Os pés param no chão: o ar

As mãos soltas dançando no ar

Bailando em sintonia

Fases de uma Lua serena!!

(Carlos André)