Conto
A Casa mal assombrada
Certa vez, por aquelas
redondezas de paisagens tão exuberantes, existia um casal de anciãos, de coração
humilde e benevolente.
Ambos, tanto o senhor
Amadeus e a senhora Ifigênia, hospedaram em tua casa naquele dia, viajantes que
por aquele caminho passavam, e sendo que a estalagem ficava na cidade Distante,
e que pelo nome já diz: se encontrava muito distante dali.
Naquela manhã, do dia 31 de
outubro, pouco convencional esta data, e tendo chovido na manhã anterior, um
casal de jovens namorados, Heitor e Laura, que estavam fazendo trilha, e
podemos imaginar o quanto eram o estado em que se encontravam. Decidiram bater
na porta daquela humilde casa. Quem primeiro perguntou foi Heitor:
- Bom dia! Vocês sabem nos
informar onde podemos encontrar um alojamento? Estamos cansados, e não temos
nenhuma noção para onde ir!
- E a nossa água acabou no
meio do caminho!
Interveio Laura, disposta a
ajudar teu namorado a convencer o senhor Amadeus a lhes ajudar.
Amadeus decidiu:
- Entrem! Vocês podem se
hospedar aqui em nossa casa.
Dona Ifigênia, aproximou-se
porta, colocou uma das mãos ao ombro do esposo, e logo, sem analisar-lhes,
exclamou:
- Sejam bem-vindos! Por
favor, acomodem-se!
Eles entraram, sentaram na
cadeira, em frente da mesa retangular de madeira de angico; tomaram água,
beberam café bem quente, falaram um pouco de suas vidas, jogaram baralho,
tomaram um bom banho, refrescaram a alma. Almoçaram ao meio dia, descansaram no
quarto que o casal dispôs.
Levantaram, saíram para
passear na chácara, e ao entardecer, jantaram, beberam vinho da jarra, narraram
casos fictícios e reais. Uma dessas historias, fora contada por Ifigênia, com
extrema lucidez:
- Vocês sabiam que há muito tempo,
há quase duzentos anos, esta região era comandada por feitores encarregados
pela Coroa Portuguesa, de vigiar os escravos no árduo trabalho de construir a
ponte do Martírio – disse Ifigênia.
- Passamos por esta ponte
antes pegarmos a trilha – disse Heitor.
- Pois é! A história desta
ponte é uma das mais faladas aqui na região. Sendo que, na construção dela,
morreram muitos escravos. Alguns que caíam lá do alto, outros que eram
esmagados por pedras -; comentou Amadeus.
- E os escravos que morreram
na construção, dizem que estão por aí, a perambular nos arredores da ponte.
Assustando moradores.... e...
- É melhor pararmos por
aqui. Estou cansada amor! Desculpem-nos. Disse Laura, um tanto assustada.
- Os senhores nos desculpem!
A Laura, diferente de mim, não gosta de ouvir historias de suspense.
- Disponham! E não se
incomodem - sentenciou Ifigênia e Amadeus respectivamente.
E Laura e Heitor, foram para
cama descansar do intenso dia que tiveram. Dormiram um sono profundo, de tanto
profundo, deu por parecer que dormiram por cem anos, mas enfim, acordaram na
manhã seguinte, agradeceram e despediram do casal. Quando chegaram na cidade
Distante, comentaram para alguns sobre aquele casal. Um deles disse:
- Estranho! Ali não morava
ninguém. Faz mais de cem anos, que morava naquela casa, um casal de senhores,
mas eles já morreram.
Laura empalideceu, mas se
conteve firme. Já Heitor, ficou trêmulo, sem dizer uma só palavra, pois palavra
não havia pra ser dito.
(Carlos André)