Assisti ao espetáculo musical da adaptação da obra “Les
Misérables” (Os Miseráveis) de Victor Hugo, no Teatro Santa Izabel (Diamantina),
que foi organizado divinamente pelo Coral Universitário e o pianista Fred,
entre tantos outros envolvidos, que saí do musical estonteante e fazendo logo
as semelhanças de injustiças que vivemos no nosso cenário, tendo como espelho o
cenário parisiense do século XIX.
Não são somente as mazelas sociais que analiso, pois
naquela época, a situação trabalhista era degradante, muito mais, embora hoje
ainda tenhamos “escravizações” silenciadas. Há também a análise de hierarquia,
que foi derrubada uma parte considerável, depois da Revolução Francesa.
Suponho que cada um, principalmente aqueles leitores
típicos victor hugorianos, saíram da peça identificando-se com algum dos
personagens. A cada ato do musical, personagens que foram interpretados pela
maioria do Coral Universitário, onde houvera uma forte interação musical e sem
olvidar o lado sentimental, que coloria o semblante dos personagens centrais da
obra, e os coadjuvantes.
No ápice de
cada cena, seja na morte de Fantine e na morte heroica de Eponina que se
colocou na frente de Marius para levar o tiro em seu lugar, este lado
melodramático, que por natureza a maioria das peças desse grande clássico de
Victor Hugo, seja ela em canto ou encenada, possui.
São tantos personagens, mas destacarei os principais: além
da forte característica marcante do personagem Jean Valjean (vivido pelo Leandro), gostei muito de
uma das cenas finais, entre Marius (vivido por Luís Mafra) e Cosette adulta
(vivida pela Maria Tereza). Tanto na obra quanto na peça musical, percebemos
que o amor puro e inocente, pode mudar a ordem dos fatores, ou pelo menos,
desorganizar o sistema que foi imposto contra a ordem do povo. Não é utópico
ainda hoje declamar: liberté, égalité et
fraternitè.
(Carlos André)