sábado, 29 de dezembro de 2018

A Próxima Estação



















De onde vens?
Para onde vais?
O que ficou marcado em ti?
Para onde foram aqueles que partiram?

Sem nenhum papel interpretado
Isso foi somente a sua própria vida
Escrita, lida, relida
Por aqueles que buscavam um rumo
Um norte qualquer
E buscavam também te compreender
Por mais que custavam decifrar
O valor de cada jornada.

Sentimentos...
Brutos sentimentos
Que ainda estão sendo lapidados de dentro de você
E reparem que a paisagem muda
Enquanto o trem avança pelos trilhos.

Lá dentro só há um vagão que nos interessa
Além do meu coração que viveu e aprendeu
Durante esses intensos doze meses
E que agora está pronto
Para desembarcar na próxima Estação!!

(Carlos André)

As sapatilhas encantadas


Diferente dos contos de fada
O brilho e a magia que surgia dessas sapatilhas
Duravam muito mais
Depois do estrondar do relógio da cidade
Anunciando meia-noite
Pois esse brilho e magia
Era simplesmente natural.

Na ponta dos dedos mágicos
A bailarina fazia o delicado trabalho
De fazer o mundo girar
Outras vezes fazendo o mundo ficar parado
Perplexo com o que via a sua frente.

No fim, o mundo sorria para a bailarina
Quando esta demonstrava com sua dança e ternura
Um modo diferente de ver o mundo
De lhe ver!!

(Carlos André)

O Mundo em Volta


Quantas voltas há no mundo?
De quantos mundos precisamos
Para dar uma única volta?

A volta dos que não foram
Na verdade eu quero dizer
A volta dos que ficaram
Aqui, encarcerados
No seu próprio mundo sentimental.

Quantas voltas há em um só coração?
De quantas voltas precisamos
Para encontrarmos o coração certo?

Na medida em que o mundo envelhece
E nós envelhecemos junto com ele
A vida vai se tornando mais difícil
Mais sofrida com pontas de saudade
Se bem que ontem eu passei na padaria
E ela estava na fila, na minha frente
Não hesitei e a toquei no ombro
Ela virou e eu exclamei com ar puro nos pulmões:
- Quanto tempo que não nos vemos!!

(Carlos André)

A Bailarina e o Mar


Sinta o barulho harmonioso do mar
A maré chocando-se por entre as pedras
O refluxo e o fluxo no mesmo caminho
Fazendo voltas
E outras seguindo o seu destino.

Que toda essa beleza e complexidade da vida
Não nos faça esquecer a bailarina que dança na areia
E também faz barulho com o seu girado
E ao correr e pular
Enquanto o imenso mar admira
Os pássaros a rodeiam
E o tempo e o vento lapidam!!

(Carlos André)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Depois das Dezesseis


Pouco a pouco
A gente vai se acostumando
Se ajeitando
E passamos a ouvir mais o nosso coração
Analisando a fenda do nosso erro
E o espaço que ainda falta ser preenchido.

Enquanto a mente descansa
Os anjos com suas flechas afiadas
Estão ainda dormindo
Pois ontem eles dormiram muito tarde
E nem quiseram ler um bom livro
Ou assisti a um filme para se distrair.

Os que ainda estão com sono
E aqueles que estão bocejando
Não repararam que já são dezesseis
E a partir de agora
Os sentimentos acontecem
Os pensamentos se encontram
Ou simplesmente se esbarram
Combinam-se
E mesmo em dias de chuva
Ela vem com seu guarda chuva
E ele vem com o pedido de casamento!!

(Carlos André)

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

A Bailarina e o seu Reflexo
















Algo refletido na parede do palco
A bailarina e o seu reflexo
A sombra descolada do corpo da bailarina
O movimento perfeito
Do corpo e de sua sombra.

A sombra querendo imitar a bailarina
Mas só o corpo da bailarina entende a sua sombra
Quando esta também quer brilhar
Junto de sua alma gêmea!!

(Carlos André)

A Pianista























Desde os seis anos ela aprendeu a tocar
O pai dela que a ensinou as primeiras notas
Além dos primeiros passos
O levantar no primeiro tropeço.

Cada música significava para ela
Uma dedicação diferente           
Cada sonata, sinfonia
Seja de Mozart, Bach ou Beethoven
Ela absorvia aos poucos.

Primeiro, ela tinha que encontrar
A essência daquele concerto
Para depois caminhar rapidamente com os olhos
Em cima da partitura
Sem nenhum tropeço
Pois só assim, a música para a pianista
Era sentida de tal forma
Que muitos exclamavam algo divino
No final de cada ato!!

(Carlos André)

A Discussão dos Deuses
























Eros e Psiquê discutiam:

- Psiquê, devolva-me o jarro com água do esquecimento!
- Eros, não devolverei... pois você não deve esquecer do me fez passar naquela festa do Olimpo!
- Eu não te fiz nada, somente deixei você conversando com Hera sobre as calamidades da Terra, enquanto eu conversava com Júpiter.
- Tudo começou desde lá em casa, quando faltou amor e reconhecimento por eu ter conseguido pagar as contas a tempo! Eros, você nem ligou.
- Psiquê, você que se engana: eu me liguei, pois as contas daqui do Olimpo anda cara demais. Pode deixar que hoje mesmo eu terei uma conversa séria com Zeus.
- Não é necessário, pois semana que vem passarei uma semana na casa dos meus pais. Vê se uma semana é necessária para que você decida se quer mesmo morar junto comigo.
- Não faça isso comigo, Psiquê! Por favor...
- Eros, não me peça por favor! Eu já lhe concedi tantas possibilidades para que você acertasse desde a primeira tentativa.
- Pela última vez, me devolva o jarro com água do esquecimento. Não beba desta água, não quero que você esqueça que eu te amo!

A partir dali, a discussão foi ficando amena, seus corações se acalmaram. Mas eu não posso dizer como acabou. Perderia a graça e o sentido, já que eles eram o Amor e a Razão!!

(Carlos André)

Da Guerra nasceu a Margarida


















Dos mísseis lançados em terras inimigas, nasceu a nossa insegurança
Dos tanques de guerra desfilando na avenida, proliferou o nosso extremo orgulho;
Da bandeira com as marcas da guerra hasteadas na Praça da Glória, anjos anunciaram no Olimpo;
Dos torpedos farejando o alvo a quilômetros de distância, navios e corpos dilacerados eles teriam;
Do cometa avisando a NASA que partiria a Terra em pedaços, os prognósticos não queriam acreditar;
Do esperma selecionado retardando o caminho para pensar no valor dos concorrentes, nasceria a prole para o futuro não tão distante;
Da vida se fazendo outra enquanto a partida não era a mesma, ocorreria o caos em meio ao heliocentrismo;
Do justo se justificando para os fins e meios, a senhora injustiça não tardaria chegar;
Do Museu junto do seu passado-futuro ardendo em chamas, levaria muito tempo para recompor o verdadeiro valor da nossa memória;

Enquanto tudo acontece
Algumas frequências perdem o freio
E outras conseguem se equilibrar na corda bamba
Eu fico aqui sentado no banco
Lendo meu jornal
E vejo na Praça da Guerra e Paz
No meio de cápsulas e balas de canhão
Nascer a minha futura vizinha: a Margarida!!

(Carlos André)

A Bailarina no Teatro Bolshoi






















O sonho:
A meta de dançar naquela Companhia
Estava sendo realizado
Sonho trilhado por aqueles pés mágicos
Antes doloridos na perseverança
Em conseguir se reerguer
Bordar o caminho
Contornar os rabiscos do destino.

A bailarina poderia ser: Anastásia, Dolores, Monalisa, Sophie
Não importava saber o nome
Só de está ali fazendo o que gosta e com gosto
Era o que pulsava do coração
Dentro dos sonhos mais importantes.

Contemplo agora o brilho verdadeiro...
Concentrado em seu olhar!!

(Carlos André)

domingo, 23 de dezembro de 2018

A Glória























Redenção...
Da dor de tanto tentar o passo perfeito
O prumo ajustado, exato
Na postura equilibrada
Do eixo da coluna.

A bailarina e sua técnica aprimorada
O sussurro quase inaudível da plateia
Diante da apresentação do seu balé clássico
O olhar penetrante da bailarina no horizonte
Naquilo que o céu esconde
E o destino não pode mostrar!!

(Carlos André)

A nossa mesa



























Partilha...
Do pão a palavra
Dos quadros de arte
Dos nossos sentimentos
Representadas nas flores lúcidas
De pura nostalgia!!

(Carlos André)