quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Poema - Rua Contínua



Rua Contínua





Escrevo-te estas linhas tão simbólicas de saudade
A marca do teu beijo ainda em meus lábios
Por tentar muito, me sinto num espaço com uma visão ampla
Sacramentado pelo vício de se aventurar, o vício em viver
O perfume no travesseiro!
O fio de cabelo teu deixado na cama!
Não me sinto numa redoma de vidro. E muito menos não quero que me vejam assim. No intervalo de tempo entre sua respiração e seu bom humor. No bater das asas do beija-flor e no voo da libélula
Quero me sentir
como
este verso,
solto,
          sem alinhamento,
                                       regras da métrica poética
sem uso de rimas.
Raramente uso rimas, as rimas tem hora certa para aparecer, senão o texto fica doce de tantas rimas usadas sem pretensão poética. Todos nós alguma vez na vida sentimos livres pra ousar... aprendemos ainda mais a leia do primeiro olhar, dos segundos contados no relogio da parede, das terceiras cartas escritas num quarto de hotel,
no quinto andar,
na sexta semana de descobrimentos do Brasil!
Esta é a sétima carta que escrevo desde quando cheguei até aqui
A primeira escrevi em Ouro Preto
A segunda em Diamantina.
É bom relembrar os finais de semana principalmente nos domingos
Juntar uma boa turma e ir ao Bar Juá
Degustar de um peixe frito, porção de batatas com carne
Contemplar o Rio Jequitinhonha
Visto que hoje sabemos que ele não é mais o mesmo
Na praça à noite, tomar um bom vinho
Tocar violão na Fonte com o repertório de músicas legais
Então, sem comprometer ninguém
Nem estragar teus ideais
Escrevo-te estes versos com nenhuma estrofe que nos possa abalar lá na frente.
Em minhas veias corre o sangue desta cultura
Onde muitos chamam de pátria mãe
Como também correm em minhas veias outras origens literárias!
Sendo assim, bom dia Rua do Ouro.
Boa tarde aos ipês floridos de Diamantina
Boa noite aos vernáculos e seus bordões!
Às vezes, olhamos pelo vidro da janela
E não vemos nada.
As janelas estão turvas de gotas da neblina
Aqui pela manhã choveu bastante
Bem diferente quando organizamos o verso
ao nosso estilo:
Aqui choveu pela manhã.
Pela manhã choveu aqui.
Choveu aqui pela manhã.
Ou seria melhor em dizer, sem se comprometer de novo
Ou ficar fadigado de tanta repetição:
-Chove e continuará chovendo na terra do ESPETÁCULO.
Isto se chama poemamotriz, contomotriz, ensaiomotriz
Não fique com medo do “suspense” que é o escuro
A vida é uma peça de teatro
Pela qual na maioria dos noticiários somos coadjuvantes
Outras vezes espectadores da cena assistida
Ela olhou no fundo dos seus olhos e disse “SIM!”.
O amor nos conduz a tantos caminhos.
Há várias ruas pelas quais
Não sei onde quero chegar
Mas sei exatamente onde quero ir.

Seja bem vindo ao pôr-do-sol!!


(Autor: Carlos André)





quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Poema - Corações novos



Corações novos

Tudo em decorrência da palavra
Um verso, a poesia, a justificativa.
O coração em meio à multidão.
Vejo-lhe, amo-lhe;
Meu silêncio...
Nesta oração de poucas palavras
Uma necessidade
Neste abraço apertado
Sorriso meigo
E, portanto, continuo sempre ao teu lado!

(Autor: Carlos André)

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Crônica - A Existência



                                     


                                       A Existência






          Não me sinto mais próximo, quanto mais feliz quem sabe. Sinto-me prestes a ser alguém. Não que eu não tenha sido alguém durante toda minha vida. Mas me sinto prestes de ser alguém, especialmente alguém, definitivamente alguém, completamente capaz de amar. Não que eu não tenha amado durante toda minha vida. Mas me sinto prestes de ser amado, em detalhes!
      Estou preparado para as surpresas que ainda virão. O espetáculo que começa e acaba; talvez, não tenha fim! Acredito que eu sou um excelente organizador: seleciono os principais pensamentos do dia, escolho o qual me cai bem.
          Possivelmente me sinto nas melhores intenções. Devidamente cuido da minha saúde, porque sinto curiosamente que devo me importar a cada fio do meu cabelo. Não fumo, porém bebo: suspeita que eu beba vinho, licor, champanhe: agora, não mais suspeitam. Além disso, bebo moderadamente, não fiques preocupada.
         Para as pessoas que fumam cigarro, seja qual forem à marca, comercial, normas da publicidade, não fume pela marca, comercial – fume por você mesmo –, e se isso pode lhe matar, - morra por você mesmo -; entretanto, se queres ser feliz, seja feliz por você mesmo e por todos que te amam. Teu coração lhe espera, teu pulmão espera por novos ares.
        Reparo que há diversos lábios que estão ressecados, mordidos, quase um laivo de sangue mínimo nota-se no canto da boca. Se não fossem meus olhos burlescamente burlescos, eu não notaria que no canto da boca há representações do vício ingênuo! Vários vícios, diversos vícios, vários vícios, diversos vícios, vários vícios, diversos vícios, vários vícios, diversos vícios; tomara que isso não cause em vossa excelência um cansaço mórbido, onde é preciso beber água para hidratar-se dessa terrível fase humana: o vício!
         Os flocos de neve caem em seu rosto, refresca a alma, o ideal, acontecimento de antes. Medos que a consolam e impulsionam colidir em outros medos, enfrentá-los. Sombras do amor debaixo do sorriso. O foro da cama.
         Tenho uma filha de dois meses e meio. Alegra-me assisti-la sugar com a boquinha rosada os seios, procurando o leite materno. Quando sentes minha presença, vira rapidamente o rostinho em minha direção e ri, como a dizer:

-Papai, logo eu crescerei e compreenderia este mundo!

          E retornas para os seios, pois é preciso produzir as sensações, neutralizar qualquer alarme falso, preocupação despercebida. E isso, não é um livre-arbítrio. É simplesmente a noção de poder... existir!

                                    (Autor: Carlos André)