quinta-feira, 30 de agosto de 2018

A TEMPESTADE













 - Levantem as velas! Não deixe o barco afundar.
- Capitão Smith, eu não consigo! As velas estão emperradas.
- Marujo Thomas, não desista antes de tentar.
- Vovó, será que essa chuva irá passar?
- Não sei, minha querida Alice!
- Vovó, como é tão prazeroso sentir o barulho da chuva caindo no telhado. Vovóme conte uma história para que eu possa dormir!
- Sim, minha neta! Então vamos lá! Certa vez, havia...
- Rodrigo, você irá sair?
- Irei Marlene! Vou aliviar minha mente, pensar na vida. Logo eu retorno. Não me espere para o jantar!
- Mas há um vendaval lá fora, e mesmo assim você insiste em sair?
- Não se preocupe, eu retornarei...
- Clarice, que hora você chegará em casa?
- Mãe, não se preocupe, não virei muito tarde.
- É porque eu não consigo dormir antes de sentir seus passos na varanda; vê a luz acesa do seu quarto. Você já tem 19 anos minha filha... e eu não quero que nada de mal aconteça contigo.
- E não irá acontecer mãe, não se preocupe! Eu te ligo quando eu chegar ao local da festa, e quando eu for embora também.
- Não se envolva com rapazes “malcriados”, minha filha! Siga os conselhos de sua mãe, por favor!
- “Só se pode apurar bem com o coração”, não é isso que você sempre diz?
- Sim, e acredito nesta teoria também.
- Amor, a gente irá fazer a nossa filha quando estiver chovendo!
- Mas... seno dia eu não estiver preparada?E se não coincidir eu está em período fértil?
- A gente tenta outra vez!
- Vocês leram o livro?
- Professora Helena, eu não compreendi o motivo de Capitu ter traído Betinho?
- Mas Paco, o livro não diz que Capitu traiu Betinho. Machado de Assis deixa essa questão da traição em aberto.
- Cinthia, até quando ficaremos assim sem firmarmos um compromisso sério?
- Até quando você parar de ser chato, Rodrigo!
- Iceberg bem em frente!
- Não vai dar tempo, vamos colidir..................
- Somente mulheres e crianças.
- Você leu o jornal?
- Não, por quê?
- Você não está sabendo? O Titanic afundou. Está estampado na manchete do jornal “The New York Times”.
- Eu gostei de você ter me avistado no meio da multidão, e ter me abraçado.
- Eu também, amigo!
- Fazia tanto tempo que eu não a via!
- Você gosta dela?
- Por mais que a gente seja diferente em “quase” tudo, eu gosto muito dela. Mas ela ainda é insegura em seus relacionamentos amorosos. Ela sabe que eu gosto dela, pois o abraço forte e contínuo que eu dei a ela demonstra este sentimento. Mas não sei por qual motivo após o abraço, ela disse poucas palavras, sem olhar muito para trás.Se é para não alimentar “falsas” esperanças, isso eu não sei. Não sei o que passa com ela, mas espero que ela possa sair desse vendaval, ilesa.
- Capitão, ancorar, ancorar, ancorar agora!
- Não podemos, não vê que o mar está de ressaca?
- Vovó, para onde vão as estrelas quando partem?
- Alice, elas simplesmente caem do céu, e são chamadas de estrelas cadentes. Mas têm umas que a gente não esquece jamais.
- Carlos André, em seu livro “A Trilogia das cores: azul, branco e vermelho!”, lançado pela Editora Madrepérola em 2017, teve algum poema que era para está no livro, e que você esqueceu de incluir?
- Sim, tiveram alguns! Porém, destacarei um: pois quando eu reli o capítulo vermelho (dedicado a temática do amor), eu percebi que naquele capítulo poderia está o poema “As Cores do Cenário” que escrevi em 2013, em decorrência do Movimento Passe Livre. Tem aquela questão: os 66 poemas que estão no livro eu escrevi e selecionei com enorme carinho, e têm vários motivos para esses poemas estarem ali, em cada temática das três cores.
- Numa concepção temática de um livro, isso é um passo e tanto.
- Sim, e a sequência daqueles poemas se interligam, mesmo que alguns não pareçam tanto. Eu inicio com o poema que escrevi para minha futura filha, a Sophie. No poema “Sophie!” eu falo de bailarinas, e logo no segundo poema do livro, “Definidos”, eu cito de novo o mundo das bailarinas.
- E como podemos definir a Literatura do Século XXI?
- Um ponto indefinido no Oceano, ainda. Com marés calmas, todavia, outras nem tanto assim.
- Por quê?
- Porque são vários caminhos que diferentes escritores e escritoras estão trilhando. Não podemos definir este momento de modernismo, simbolismo ou parnasianismo, ou qualquer outro movimento literário que seja, justamente devido a essa gama de possibilidades de novos tipos de técnicas na escrita, e de temáticas diversas, se assim podemos concluir.
- Capitão Smith, acredito que iremos conseguir.
- Estamos quase lá, marujo Thomas!
- Vovó, se não existe um meio, quer dizer que a história não tem mais fim?
- Minha neta Alice, isso só você poderá desvendar, quando estiver em sua fase adulta.
- Amigo... saia desta vida de “vícios”...
- Carlos, já você, ao contrário de mim, vive uma vida muito “certinha”, quero dizer, regrada a métodos. Não fuma nem um cigarro, somente bebe vinho.
- Não fumo porque não gosto nenhum um pouco, e nunca tive curiosidade em saber o gosto da nicotina. O VINHO eu adoro, e é o maior SÍMBOLO de bebida da minha Literatura, além de ser uma bebida ROMÂNTICA.
- Carlos André, esua peça de teatro?
- Sim, a peça “O HOMEM-PÁSSARO” que escrevi, é uma peça para pensarmos na mudança de direção; há o existencialismo e o questionamento das diversas personalidades do personagem Íkaro durante sua vida conturbada com o seu “eu” interior. Eu divido em dois Íkaros: oÍkaro do presente –futuro -, e o Íkaro do passado. Não é pelo fato de Íkaro ter relembrado de Katy, uma garota da infância que ele gostava tanto, e que foi tentar a vida na Companhia de Balé do Teatro Bolshoi, que sua felicidade virá à tona de uma hora pra outra, principalmente ao revê-la. O Íkaro terá que enfrentar também outros desafios.
- E essa Katy, você construiu esse personagem pensando em alguma menina que você gostou na infância?
- Sim, eu usei esse artifício literário, para falar desse sentimento de infância que é sempre bom relembrar. Quem nunca teve um amor de infância, que atirem os primeiros argumentos justificáveis.
- Carlos André, e sua bata literária?
- Minha BATA LITERÁRIA, é o meu maior símbolo de VESTIMENTA que eu encontrei e que pudesse simbolizar minha LITERATURA, de uma forma DIFERENTE e ÚNICA. Pois a roupa que VISTO, é a minha segunda PELE que HABITO. Nela está todo meu IDEALISMO daquilo que ACREDITO e SIGO.
- Interessante, e sempre quando lhe vejo vestido essabata literária, eu me lembro do universo medieval e bucólico.
- Sim, a BATA LITERÁRIA suscita essas características também.
- Helena, você que foi a única daqui da sala a ler o artigo, me responda uma coisa: se FiódorDostoiévski e Machado de Assis vivessem na era das mídias digitais, de que modo eles reagiriam, tendo as mesmas tradições morais da época em que viveram?
- Que pergunta complexa, professor Lineu! Mas vamos lá: ambos, tendo permanecido com os seus valores morais da época em que viveram para o tempo de agora, do século XXI, acredito que tanto o Dostoiévski e o Machado sentiriam sérias dificuldades em aceitar este universo digital, no que tange: a modernidade acontecendo versus as imagens de um passado que ficou para trás, onde a velocidade de um e-mail é mais rápido do que uma cartachegar aoseu endereço.
- Plínio, já que a Helena introduziu o argumento dela, me responda esta outra pergunta: você ainda envia cartas?
- Não, professor! Nunca enviei nenhuma carta.
- Va bene! A tarefa de hoje é escrever uma carta para alguma pessoa especial que vocês amam tanto.
- Não atire, por favor!
- Não se atire desse precipício! Há sempre um novo caminho. Espero que dê a volta por cima!
-Letícia, a mentira morrerá quando a verdade vier à tona?
- Bem provável, mas isso se a verdade for mais forte do que a mentira.
- Ou se ela for mais forte do que qualquer dor!
- Ótima conclusão, Charlotte!
- Beatrice, nem sempre podemos discernir o que é real, do que é fantasia.
- Sim, pois ambas se misturam.
- E devemos aprender a conviver com este dinamismo.
- Geovane, cuidado com a curva!
- Fique tranquila, Carmen! Está tudo sobre o meu controle.
- Olhe aquele caminhão que vem na contramão... não é possível Geovane... vamos bater!!!!!!!!!!
- Luísa, tu és feliz?
- Na maioria das vezes. Por quê?
- Porque eu não sou!
- Então Augusto, procure algum jeito de ser!
- Bartolomeu, quem da nossa turma você gostava?
- Eu era apaixonado pela Dominique.Aquele olhar singelo e perspicaz me fazia crer que a vida era INFINITA, e não existiam pontos finais.
- Vovó, eles ficarão juntos no final da história?!
- Nem toda história termina com um final feliz, minha querida neta! Mas agora está na hora de criança ir dormir, pois já está tarde. Posso apagar a luz?
- Sim, vovó!
- Durma bem, Alice! Tenha uma nova manhã, CARPE DIEM!!

(Carlos André)

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