quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

ARTEFATOS





















Com o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Janus, um jovem aventureiro que percorria os escombros deixados pela Guerra, e procurava nos escombros, relógios e seus variados tipos de modelos; flores verdadeiras nos pés de Buritizeiros.
Certo dia, Janus confessou ao seu pai:
- Quando eu crescer, eu serei um desbravador.
- Mas primeiro filho, você precisa de uma bússola. Encontrar a bússola certa que te leve por este caminho.
Quando Janus cresceu, ele percebeu que os relógios também tinham o mesmo poder da bússola que seu pai tanto dizia: o de fazer direcionar no caminho certo, e que este caminho chegue à rota que desejamos, onde desde o início, foram traçados no mapa os nossos objetivos.
Na escola, Isaque Nobre Igor fazia(m) escárnio de Janus quando a professora de História entrava na sala, e uivava(m) como se fosse(m) lobo(s):
- Janus, Janus, o colecionador de lixos – não sabíamos se eram dois ou somente um, mas somente um existia (fisicamente). Psicologicamente, Janus era mais forte do que aqueles que nunca presenciaram a dor pungente de uma Guerra; bem mais forte do que Dalila e Sansão.
Judith, que Janus tanto gostava, era sua melhor companhia na sala de aula, por mais que Renata era “amiga” de Judith para segredos mirabolantes, mas durante o recreio, Judith e Janus compartilhavam da merenda que traziam na mochila, além de sentimentos puros e verdadeiros. Compartilhavam trabalhos escolares, ciúmes saudáveis, abraços partidos, cartas de uma guerra passada. Eu penso em K. M. Os dois enrolando um ao outro não é válido. Sua mãe ficou grávida de você aos 19 anos. Não vamos começar o ano com mentiras. Onde andou o seu pai este tempo todo? Ao lado, no bar, um grupo de “homens” fazem barulho jogando baralho. São reflexos da vida. Vale lembrar que tudo que estiver escondido, um dia se descobrirá. Isso nunca foi um jogo de sinuca, onde ganhar parecesse fácil; eu prefiro o latim-italiano, do que o inglês-Estados Unidos. Sonatas ao luar de uma música clássica, sobretudo azul.
Um dia, Judith declarou com o coração aberto:
- Janus, me leve no esconderijo dos relógios, onde tem a bússola perdida.
- Judith, tente conter a curiosidade. Te levarei quando eu encontrar o relógio certo, que há muito tempo estou a procura.
- Por favor, me prometa que você não vai demorar.
- Eu prometo.
Antes de pensarmos no trem, ambos estavam pensando já nos trilhos. Antes de pensarmos no encontro simbólico do Rio Jequitinhonha com o Rio São Francisco, de Itaporé e Pirapora, ambos já tinham se visto. Lembre da promessa de um amor verdadeiro. Muitas vezes desenterramos, feito ouro ou diamante, amores passados, promessas perdidas, ilusões ilusórias em sagrados pleonasmos, mas isso nos traz tanta dor. Por isso que Janus sempre quis olhar para frente, ao invés de cometer o erro de olhar para trás, como um rio que faz curva em sua nascente, sem saber para onde ir. No entanto, há um futuro não tão distante, onde vejo o equilíbrio!!

(Carlos André)

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