sexta-feira, 10 de maio de 2019

MARGARETH


O mundo de Margareth era diferente do universo circunspecto de muitas “Margareths” por aí. No quesito amor, Margareth se entregava facilmente ao mundo da imaginação. Idealizava paixões, na maioria das vezes platônicas; encontros casuais da vida, e não mantinha os pés no chão. Embora, não perdesse a cabeça facilmente, Margareth conservava equilíbrio, pois antes de agir, pensava.

Margareth era bailarina na Companhia do Teatro de Paris. Desde pequena, aos cinco anos, seu pai a incentivava buscar na arte do balé, a superação: do trauma. Margareth havia perdido sua mãe, justamente em seu parto prematuro. Margareth nasceu de 7 meses.

A juventude de Margareth estava vivendo com o medo da Aids. Sua amiga Cinthya havia contraído o vírus de um relacionamento com um garoto que mal conhecia, chamado Isaque Nobre, e logo no primeiro encontro, acabaram transando sem camisinha. Além disso, Isaque Nobre consumia drogas injetáveis, e mantinha relacionamentos promíscuos: Isaque que se apaixona pela Renatta; Renatta que tem um caso com Françoise; Françoise que se envolve com Ptolomeu, que ficara com Isaque. Escaravelhos. Cinthya não sabia. (Margareth tinha votado “não” a liberação das drogas, entre elas a maconha; votado “não” ao armamento em seu país; votado “não” ao corte de verbas para as universidades federais francesas; além de ter votado “não” a reforma da previdência da Corte Imperial Francesa). Margareth, que abominava algumas companhias de Cinthya, reconfortava-a:

- Cinthya, levante a cabeça. A vida continua, e tudo passa. Eu acredito que um dia, a ciência possa encontrar a cura definitiva. Por enquanto, beba os remédios para controlar o avanço do vírus.

A melhor amiga de Margareth era Natalie; o melhor amigo de Margareth era Michelangelo. Porém, Michelangelo não queria ser somente amigo de Margareth. Michelangelo amava Margareth, e o que doía dentro dele, é que Margareth sabia do sentimento que Michelangelo nutria por ela. Certo dia, depois que a chuva caiu, e as flores verdadeiras lá fora cresceram, Margareth e Michelangelo quase fizeram amor, depois de passarem a tarde e a noite conversando no sofá. Recordo-me das uvas apetecíveis que da terra pura brotaram: e o ótimo vinho, que com a Margareth bebi.

Margareth tem apenas 25 anos, a mesma idade que a minha; a mesma cor favorita: azul. No momento, antes de ir para o ensaio do “Lago dos Cisnes”, magnum opus de Tchaikovsky, Margareth encontrava-se absorta, mergulhada em outro mundo, onde o chão se abria para ela, desabafava temores, pedindo socorro, mas Margareth não ouvia; ou se ouvia, não queria escutar. Margareth queria fugir dali, voar, e finalmente alcançar os PÁSSAROS: mesmo sendo por um breve INSTANTE!!

(Carlos André)

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