“Lavender” (2016) que significa
Lavanda, ou alfazema, arbusto cinzento e flores roxas, é um filme que de fato é
bucólico pela sua essência de fragrância que há em seu título, pois há cenas da
personagem central, a Jane - interpretada pela atriz Abbie Cornish de “Brilho
de uma Paixão” (2009), em campos de lavandas e outras espécies de plantas, no
entanto, se o telespectador espera um filme romântico com conteúdo bucólico,
isso eles não terão.
“Lavender” do diretor
canadense Ed Gass-Donnelly, até então desconhecido por mim, é um filme que tem
um grande foco na arte da fotografia da personagem Jane (adulta), que esconde
um passado misterioso de quando ainda era criança, no qual suas fotografias dos
campos bucólicos e melancólicos, além da casa assombrada do seu passado, lhe
darão grandes pistas de desvendar o mistério.
Vários colapsos de memória
perseguem Jane durante sua fase adulta, e agora ela tem um esposo, chamado
Alan, que a meu ver, não tem um papel tão importante quanto à filha, a Alice,
que eu considero como se fosse de acordo com a teoria freudiana, um superego de
Jane, e outras vezes um alter ego que quer mostrar a Jane o que ela até então
não consegue enxergar a sua frente: o seu passado vindo à tona através das
fotografias, do gosto por aquele lugar bucólico que a aproxima de sua infância,
de seus medos e traumas.
Tudo se agravará após o
acidente de carro, cena que esconde um enigma: este acidente foi provocado pela
imagem da Alice (uma sombra da Susie) no meio da estrada, ou a imagem do
passado da Jane refletida em Alice?
Imagine você que pressente de que algo muito
ruim aconteceu no seu passado, devido a tantas pistas dadas, a exemplo das
caixinhas brancas com laço vermelho e um objeto pequeno e sombrio dentro
daquela caixinha, como se fosse um simples pingente, lhe revelasse dores e um
desastre familiar, e que isso tudo está interligado contigo?
Para finalizar, e não
conceder nenhum espólio de relevância para que os que ainda não assistiram possam
contemplar originalmente, a cena inicial do filme, será importante para
tentarmos entender que aquela beleza fotográfica, ou melhor, uma cena inicial
que vira fotografia com efeito de câmera lenta, não está ali só porque a
personagem é fotógrafa, e que o filme gira em torno das fotografias do passado
e do presente, mas também para revelar os detalhes de como tudo ocorreu, e de
como o peso da culpa foi carregada durante vinte e cinco anos sem ter percebido
que o verdadeiro mal estava tão perto, farejando, e que a Jane não poderia
deixar agora ele escapar.
(Carlos André)
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