sábado, 6 de outubro de 2018

Análise do filme “Lavender”















“Lavender” (2016) que significa Lavanda, ou alfazema, arbusto cinzento e flores roxas, é um filme que de fato é bucólico pela sua essência de fragrância que há em seu título, pois há cenas da personagem central, a Jane - interpretada pela atriz Abbie Cornish de “Brilho de uma Paixão” (2009), em campos de lavandas e outras espécies de plantas, no entanto, se o telespectador espera um filme romântico com conteúdo bucólico, isso eles não terão.

“Lavender” do diretor canadense Ed Gass-Donnelly, até então desconhecido por mim, é um filme que tem um grande foco na arte da fotografia da personagem Jane (adulta), que esconde um passado misterioso de quando ainda era criança, no qual suas fotografias dos campos bucólicos e melancólicos, além da casa assombrada do seu passado, lhe darão grandes pistas de desvendar o mistério.

Vários colapsos de memória perseguem Jane durante sua fase adulta, e agora ela tem um esposo, chamado Alan, que a meu ver, não tem um papel tão importante quanto à filha, a Alice, que eu considero como se fosse de acordo com a teoria freudiana, um superego de Jane, e outras vezes um alter ego que quer mostrar a Jane o que ela até então não consegue enxergar a sua frente: o seu passado vindo à tona através das fotografias, do gosto por aquele lugar bucólico que a aproxima de sua infância, de seus medos e traumas.

Tudo se agravará após o acidente de carro, cena que esconde um enigma: este acidente foi provocado pela imagem da Alice (uma sombra da Susie) no meio da estrada, ou a imagem do passado da Jane refletida em Alice?

 Imagine você que pressente de que algo muito ruim aconteceu no seu passado, devido a tantas pistas dadas, a exemplo das caixinhas brancas com laço vermelho e um objeto pequeno e sombrio dentro daquela caixinha, como se fosse um simples pingente, lhe revelasse dores e um desastre familiar, e que isso tudo está interligado contigo?

Para finalizar, e não conceder nenhum espólio de relevância para que os que ainda não assistiram possam contemplar originalmente, a cena inicial do filme, será importante para tentarmos entender que aquela beleza fotográfica, ou melhor, uma cena inicial que vira fotografia com efeito de câmera lenta, não está ali só porque a personagem é fotógrafa, e que o filme gira em torno das fotografias do passado e do presente, mas também para revelar os detalhes de como tudo ocorreu, e de como o peso da culpa foi carregada durante vinte e cinco anos sem ter percebido que o verdadeiro mal estava tão perto, farejando, e que a Jane não poderia deixar agora ele escapar.

(Carlos André)

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