terça-feira, 30 de julho de 2013

Poema - As Cores do Cenário



As Cores do Cenário






Não consigo dormir

Por pensar um nada

Não consigo dormir

Por pensar demais

Não durmo!

Apavoro!

Busco!

Retorno!

Aonde não deveria ter parado

Relógio, inércia.



Agora não consigo esquecer-te

Facilmente!

Eu lembro!

Que penso!

A vida!

Tantas vezes!

Tantas voltas!

Tantos outros!

Cercados por muros

A guerra do outro lado

Grupos miscigenados

Danças tribais

A fome, desolação!

O governo

A petição da massa!



A farda!

Manchada de sangue inocente

Tantas voltas!

Tantos outros!

Por muito pouco

Não nos encontraram

Vivo uma verdade

Pra ser vivida

Digerida!

Bebida!

Expelida!

Sinteticamente!



-Mademoiselle, aceita uma xícara de café?



Ao inspetor da repartição

Meus sinceros votos de confiança

O crime!

O laudo!

O álibi!

O calibre!

O gatilho!

O tiro em câmera lenta!



A senhora Zilda nos espreita pela persiana

Se ela vê o que vejo

Se ela vê o que sinto

Se ela notar-se no que vestimos

Nossas causas

O que nos resultou

Princípio básico!

O estado que omite suas verdades

Despimo-nos de muitas mentiras

Orgulhosos sem nenhuma intolerância

É fácil pensar!

Difícil é pensar!

Selecionar o que pensamos

Que nunca pensamos

Que nunca existira.



Imagine que debaixo dos teus pés

Não há concreto nem abstrato

Não há nada!

Não há metáfora!

Então, me diga:

No que você estar pisando?



As TVs!

O ecologista!

O proletariado!

O economista!

O ensaísta!

O desenhista!

O assalariado!

O desempregado!

Os opressores!

A opressão!

Emissoras que distorcem a realidade

Ilusão!



A torneira do banheiro não para de pingar

Sei que não é defeito, muito menos conserto

Muitos objetos que consertamos

Não teve qualquer defeito

Porque foi só um estudo de contemplação

Da tendência de mudar algo

Que esteja errado!

No lugar errado!

Na hora errada!

Na história errada!



-Mademoiselle, se ao menos soubesse teu nome!

 Se você soubesse os motivos que lhe escrevo.

 Se você soubesse dos natais passados.

 Se você soubesse que nossa revolução,

 não foi totalmente perdida!



...Mademoiselle...



(Autor: Carlos André)












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