quinta-feira, 30 de junho de 2016

Poema - Os Amantes do Café Flore

Os Amantes do Café Flore

Quero lhe encontrar para falar sobre a vida...
Falar sobre Simone de Beauvoir
Falar sobre o futuro
As últimas apresentações no teatro
Os últimos filmes lançados no cinema
E estive sentado na poltrona do teatro
Eu era um entre os 320 espectadores
Eu era o mistério entre a esfinge e a próxima pergunta
Eu era a música de Mozart tocada com maestria no piano
A Nona Sinfonia de Beethoven
Eu era o mistério dos teus olhos
Entre a retina e o que teus olhos olhavam além
E o que eles veem?
Exatamente! Era eu o público e ao mesmo tempo o ator coadjuvante do espetáculo.


Ter-se tantos planos! Teríamos tantos planos?
Tenho tantos planos...
Quando tiver uma filha colocarei o nome de Sophie!
Algo que possa ser constante
Que me lembre de filosofia
Àquelas tardes onde o sol tangia os montes
E a alma expandia no morro dos ventos uivantes
Gosto quando sorris pra mim!
E penso muitas vezes nos livros de cabeceira
E a tua imagem em minha mente que não mente
Mas que diz a verdade.
Nos leves pingos de chuva que cai sobre o guarda-chuva.
Um casal indo de mãos dadas na rua
Caminhando com objetivos não tão distintos
Homens que abrem o guarda-chuva e ao mesmo tempo...
Abrem as páginas dos livros!


Amantes da livraria
Que se encontravam na livraria para conversarem
E no Café Flore para tomarem juntos, uma xícara de café!
Se esquentar do frio de lá fora
Para falar sobre a vida, esta nossa vida vivida
Em um dado momento da vida, há folhas caídas ao chão.
Isto quer dizer que o tempo está chegando
E tu me fizeste lembrar alguém de dez anos atrás.
Teus lábios, tua boca, teu verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo
Tua mesma mania de sempre.


Um bom lugar para discutirmos filosofia
Dissertar sobre Descarte, Paul Sartre, Voltaire
Fumar um charuto neste momento...
Voltar a dizer sobre a bela literatura de Violette
Prefiro nesse instante uma excelente garrafa de vinho!
Duas taças com tua boa companhia.
No bar, no restaurante ou no Café Flore
Sempre nesses lugares típicos
A vida parece ganhar uma tonalidade diferente
Quando ambos resolvemos falar de filosofia e literatura!


Quero lhe encontrar para falar...
Sobre meus desejos, tuas emoções, “pensamentos!”
Atitudes estas que desvelam o nosso sono, tenho sonhos!
Uma psicanálise profunda nestes nossos tempos.
Acredite, às vezes sinto tanta monotonia quando estou há contar os minutos e vejo que as horas demoram.
Certas conversas aliviam e confortam a alma de vez
Então, se apresse!
Temos um encontro marcado antes das sete
Necessito que venhas ao meu encontro.



(Carlos André)

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