Assassinato em Flor!
Nunca tive tempo de compreender
a personalidade das flores
Vivo imaginando, não é feio
dizer
Ridículo é não se enternece das
coisas.
Dar-se à flor um beijo de
despedidas
Tardes longínquas, sentimentos
que invadem girassóis
Na noite um laivo de encanto.
Verás que não é nenhum palerma
de esquina
A vida ensinar-lhe-á a dissertar
pouco a pouco, daquilo que envaidece as flores:
o brando vento.
E se não passas hoje, não se
preocupes
Amanhã passarás...
Tudo passa tão rápido, e assim,
lhe pertence notória saudade.
Somos navegantes em alto mar
Simples e invulgar dos mares
Somos como sois
E nem como tal deve ser.
Em nossos rostos há uma
descrição irremediável
De quando o quando deixa de ser
quando
E se torna uma realidade.
Isto não pode ser dito a uma
flor
As flores têm pura nitidez do
que se passa
Dizer a uma flor todo contexto
de realidade
Seria tal como feri-la
As flores não têm própria
realidade
Elas se transitam de uma
realidade à outra
Faz-te a mais doce certeza
Realidade despercebida.
Que daqueles buquês não olhes
com temeridade...
Senhora, menina, Felicidade
Leves beijos de querubim.
Teus filhos crescem,
e em seguida, bate na porta o
Doutor Futuro
Não se esqueças em regar as
flores
Elas morrem por um descuido
mínimo.
Saibas que não esqueci o último
beijo
Teus lábios, pétalas eram
Instigante sorriso
Frias mãos se deixavam guiar.
Quase todos os carteiros são
poetas!
Até hoje me lembro do
assassinato a flor!
Tanto temeu a realidade
Que morrera de uma rajada de
vento e chuva forte naquela manhã
Podemos ser bons jardineiros. O
que difere?
Há uma flor que morre, e outra
que nasce.
É a lei natural da vida!
(Autor: Carlos André)
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