Holograma
Aos meus olhos ainda me resta à
tua face
O que dizer daquilo que não
vivi?
Pois se sinto verdadeiramente,
e pelo qual sinto de coração
aberto
É porque ainda a pouco tu
deixara tua essência pela varanda.
Aos meus dedos ainda me resta
tocar a nona sinfonia de Beethoven
Dificilmente eu escreveria uma
canção sem ritmo e compasso
Ouve-se uma canção de utilidades
estarrecedoras
Antes, meus ouvidos não sabiam o
que queriam
Ou se queriam o que não sabiam
Engraçado pensar que alguém
possa estar nos ouvindo,
olhando a mesma minudência de
antes
Sempre é bom trocar a água do
jarro de flores,
averiguar as imagens da mente
que estão imprimidas em preto e branco,
estipular o que não conto como
regra,
são tantas regras regradas,
que tento ser uma regra em
exceção
Ocupo-me do meu vazio no espaço
Um conectar de milímetros
cúbicos dos projetos nucleares
Átomos sem fissões de
nitrogênio.
Hoje, eu tenho poucas
perspectivas consagradoras
Tenho perspectivas do que sempre
me comove e comoveu
Amanhã, sei exatamente que
nossas mandíbulas podem estar
neutras, sem nenhum porque de se
gesticularem pelo diálogo
Hoje, lhe trago a ansiedade dos
tempos remotos
Amanhã, não sei pra onde vão os
barcos
A vida me ensinou a computar
meus passos desde o momento
Que aprendi a aceitar a rotação
do mundo.
Penso ter feito várias coisas, e
chego à conclusão
De que fiz coisas sem perceber
se seriam várias
Não me deixei levar pela mesma
vertente,
não sofri sem antes saber do que
sofri,
não me apaixonei sem antes saber
o que sentir,
não me naufraguei antes de lhe
oferecer a mão,
não te beijei sem antes filtrar
teus olhos aos meus.
Se eu penso treze vezes,
é porque nas vinte e duas não
deixei de repensar.
Pormenores que sopram a minha
testa
Atesto interferi no que iríamos
apostar em piscar de olhos
Aos meus conectores de ação
Ainda me falta o respaldar de
centenas de pormenores
Que ainda o meu discernimento
pairar-se,
sem avisar de que ela viria. As
embarcações.
Para qual destino?
(Autor: Carlos André)
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