terça-feira, 23 de agosto de 2016

Poema - Simplesmente Nua

Simplesmente Nua











Dama, recatada e do lar?!
Só que não. Desta vez...
Falo com o meu corpo
Sinto com o meu corpo
Permaneço, sem titubear
Nem sempre me aflijo.
Infrinjo as regras do senso comum
Desta sociedade industrializada, consumista!
Que manipula a ordem
Mas eles não manipulam o meu corpo
Não coordenam o meu sistema.
O meu corpo é um intenso protesto:
Vamos mulheres...
Vamos à luta.
Feminista sou, feminista seremos!
A minha vagina não tem a função definida
De alojar o teu esperma quente e às vezes pegajoso
Com licença! A minha vagina tem regras e éticas
Uma parte estabelecida pela ordem biológica da vida
Pela organização do biótipo
E outra parte estabelecida por mim
Que eu próprio coordeno!
Meu corpo não é pra ser amado
Contra a minha própria força
Contra a minha própria vontade!
Puta?!
Não me chame de puta, meretriz.
Quem dera se todas as putas fossem felizes como eu sou agora!
Quem dera que todas as putas
Adormecessem e acordassem felizes
Repletas de orgulho por ter feito
Uma noite linda de amor verdadeiro
Do gozo gostoso no profundo ser que goza
Sinto o orgasmo nos lábios macios de minha xoxota.
Amanhã é um novo dia!
E bem que será
Bem que se quis
E sei que não voltarás, talvez.
Minha boceta não é poema em escarlatina
Mas é como eu me sinto
Quando estou menstruada
E são somente os absorventes que aliviam
O sangue frio por entre as pernas
Embora, uma boa leitura de um livro
Poderá também aliviar
Todas as mulheres durante esta fase.
Tantos homens que prometem
Ajoelhados em frente à cruz
De ama-las como ninguém as amou.
De ama-las em vez de espremê-las contra a parede.
Mas que no passar do tempo, do outono...
O sentimento vai morrendo
Apodrecendo no meio do caminha
Criando fungos, larvas
E por cima do sentimento apodrecido dos homens
Vai crescendo infelizes bromélia
Que não duram nem um só dia
E morrem sem pecado, sem dor e compaixão!
Mulher, não fique com um homem
Só por ficar...
Para se aventurar ou esquecer os problemas
Que aceleram o curso da vida!
Fique porque há algo especial nele
Que atraem a sua mente
E o teu íntimo modo de pensar e agir!
Mulheres, se algum homem covarde
Socarem os teus rostos
Gritem, não se intimidem, denuncie.
Não deixem que o medo beba o teu corpo
Se usufruam...
Degustem das suas confianças
E depois joguem-nas no lixo.
Gritem com toda voz que poderem
Gritem com os lábios
Com a roupa
Gritem com os olhos
Gritem com os ouvidos
Gritem com os cabelos
Gritem com as mãos
Gritem com os pés.
Mulheres, vocês agora são livres
Soltas como pétalas lançadas ao vento!
Ensinem algum dia, teus filhos
A importância de criarem raízes sólidas
Como também de saberem se desgarrar
De suas raízes e beber de outras fontes!
Mulheres – permitam vocês descobrir teu corpo
Teu clitóris...
Que pela lógica, se encontra neste momento
Por baixo da calcinha!
Descubra-o e se masturbes.
Não é pecado nem pudor
E nem tampouco tabu
Para o nosso século XXI!
Mulher, musa adormecida no leito da vida
Que daqui a pouco, acordarás e dirás radiante:
- Me sinto livre! Estou livre...


(Carlos André)

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