terça-feira, 2 de agosto de 2016

Poema - Sociedade dos Poetas Mortos


Sociedade dos Poetas Mortos
 — Ó, Capitão! Meu Capitão!
Levanto e o cumprimento
Quem dera eu tê-lo agora por perto
Escutar de novo e repetidas vezes
Teus ensinamentos outrora de uma vida...
Saudemos um passado glorioso
E tantos outros que ainda virão.

— Ó, Capitão! Meu Capitão!
Mergulhei fundo para saber
O ser tão substancial que havia em mim.
Aventurei-me e alguns momentos
Lancei-me em alto mar
Para saber o quanto a água era fria!

Confesso que tive medo...
Tive medo de me afogar
Medo de não conseguir
Medo de ir contra todos, mesmo sabendo
Que eu era só um punhado de areia no deserto.
E nadei contra a correnteza
Entre solavancos que a vida vai nos dando
Para que assim, nos despertemos!

— Ó, Capitão! Meu Capitão!
Sinto falta das nossas reuniões
Que pena de certos humanos, patifes e medíocres.
Pais que impedem seus filhos
De seguirem o que querem e o que acreditam!
Filhos que impedem seus pais de os conhecerem melhor
Tenho saudade de sair a caminhar por esses campos
E declamar os poemas ao ar livre
Deixar as palavras escorrerem como riacho
Pelas entranhas, sugando a essência dos verbos
E deixar que os verbos verbalizem os pulmões.

Cartas espalhadas na escrivaninha
De uma doce admiradora secreta
Que chegou até minhas mãos.
— Onde que guardei aquele livro?
Aquela rosa, naquele verso?
Como é bom sonhar com a pessoa que amamos.
Ela me disse que ficaria
Nos dias de frio e que faz chover.
Retorno à máquina de escrever
E termino o que comecei, após o ponto final.
... Carpe Diem...


(Carlos André)

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