segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Poema - Ata-me!

Ata-me!
Desate-me em desatino.
Reate-me minha memória com minha eterna lembrança
A má lembrança joga-as fora.
Não quero que este amor me acorrente em destinos
Desatar nós...
Meu corpo ao teu
Em teu domínio minha bruta flor do querer.
Meu encanto, desencanto, puro engano
Esta saliva...
Minha doce saliva
Em teu corpo salgado
Meu costume doentio prazer não mais doentio
Tua fome, minha sede, que sacio neste momento
A ideia...
Tua ideia, vossa ideia
Minha tese de doutorado
A vosmecê que me chamas:
-Venhas pra perto de mim!
O tudo, nonada...
Um nada que diz tudo
O tudo que não diz nada.
A parte que me aquece
A outra metade me devora.
Um líquido branco que resume a obra-prima:
O esperma que escorre em câmera lenta
Dentro da vagina
Enquanto os personagens da vida real
Fazem amor na cama
Demonstram todo o desejo carnal que flui pelo corpo!
Em certos sentidos, há certas verossimilhanças
Do opaco a gravidade do corpo
Da maçã que despenca da macieira
Ao que se explica a supremacia das borboletas
No que se aplica não é exatamente o que se explica
Freud a Carl Jung.
Certas mulheres com aspecto de histeria
Certos homens que não sabem decorar teu jardim
Arrancar uma flor do jardim
E levar para tua amada
Para que ela decore teus dias, tua alma
Nas cores azuis, brancas e vermelhas
O sol desenhado com o giz
Que não apaga quando vem a chuva
Vou-me lembrar de minha infância
Da minha terna infância, dos teus olhos!
O segredo entre eles
O simples e singelo gostar de quem gosta
Nunca vou esquecer-me de ti.
Embora não se perceba tanto...
A monotonia da vida vai criando labirintos
Os dias estão a passar rápido
As flores não são mais as mesmas de tempos atrás
Nem o batom...
O charuto no cinzeiro
Nem os orgasmos são mais os mesmos
Talvez nem a cor do sutiã e do sapato.
Já os lábios são os mesmos.
As palavras também não são mais as mesmas
Há quadros antiquados na parede
Um frio que nunca se sentira
Uma xícara e um pires, o café na mesa
E uma máquina de escrever que nunca foi usada
O barulho...
Dedos que batem nas teclas e ativam ideias
E surgem palavras
Momentos...
Desatem as coincidências
Ata-me a ti.
A mulher com o destino traçado
Coincidência ou não
O encontro marcado, entre ambos
Quero lhe encontrar...
O calor que há entre dois corpos
Como uma paixão que começa a crescer e não tem fim
Este amor que nunca cansa de existir
Eu dentro de ti
Para sempre...



(Carlos André)








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