Poema - As Estrelas

As Estrelas

Estive pensando sobre a vida, na autodisciplina que nos determina

Temos talento pra fingir

Talento pra acordar

Talento pra sorrir quando não se sabe sorrir

Talento pra ser infeliz quando não se sabe ser feliz

Talento de magoar o próximo

Talento pra amar e se perder

Talento de encontrarmos o que perdemos

Talento de nem sempre termos uma opinião que nos faça diferentes

Temos talento de repetir o passado

Talento de abandonar as possibilidades

Talento de sermos alheios quando não avançamos ao máximo

Talento de acharmos o que na verdade não achamos

Pois se achamos realmente, é porque não achamos nada

Pra quem não saiba, achar não é opinião reformulada

Quando falo sobre o nada

É porque falo com toda experiência de não ter dito nada

Falar do nada não é fracasso

Fracasso é não dizer sobre nada, não tentar do nada

Sentir do nada um acontecimento

Sentir a sensação de que viemos a este mundo

Para completarmos uma ideia exposta e progredir

Sim! Esta é a nossa vez.

Repito! Quero ter talento de amar

E poder gritar isso ao mundo

Quero ter a noção do tempo

Talento de correr tal qual a criança que corre e não cansa

Não quero que me dê talento pra chorar

Quero chorar espontaneamente

Beber espontaneamente

Embriagar espontaneamente

Moderar espontaneamente

Quero me compreender espontaneamente

Pausar-me nos momentos de ternura

Quero escrever frases exageradas, diminutivas

Quero ter talento pra escrever o horror

Quero simplesmente ser desajustado para depois me ajustar

Difícil é pensar em ajustar para depois desajustar

Temos poucas escolhas quando não se sabe escolher as melhores

Ter talento pra enfrentar a morte

Talento de cientista!

Estive pensando sobre os escombros, o edifício e a construção

Estive pensando em não me arriscar quando eu não tiver talento

Mas se eu não arrisco, eu me rabisco no espaço

Estive pensando sobre as galáxias, os cometas, e meteoros

Planetas luminosos e os não luminosos

Estive visitando as estrelas!

(Autor: Carlos André)