Capítulo IV – Os primeiros passos felizes de Alfred numa triste
era de Castelo Branco;
O pequeno Alfred nasceu com
o peso 1,720 Kg, num parto normal; quarto de numeração 23, na incubadora de
número 10. Pela matemática que envolve um bebê prematuro de 7 meses, Alfred
ficou na incubadora por dois meses seguidos.
No processo de desenvolvimento
do bebê Alfred, sua mãe Leocádia o amamentava o quanto podia, sabendo que enquanto
fosse possível, seu filho receberia na maior parte do tempo - durante estes breves
meses, mas que por dentro do coração tornaria longo - seu leite sagrado. “Irei
amamentar meu bambino até meu leite acabar. Pois o leite materno é a rica
substância que o fortalecerá neste sopro de vida”, confessava Leocádia para o
Dr. Humberto e a enfermeira Micaela. Humberto, estatura mediana e de cabeça
calva, vidros nos olhos, olhos atentos na ciência. Micaela, uma bela morena de
estatura alta, de cabelos ondulados e aparência descontraída no momento, e sorrisos
na maça do rosto.
Contemplava atônito o pai
“babão” Armênio, que de babão só tinha a expressão “pai coruja”, que na
infinitude em saber que seu espermatozóide venceu milhões para chegar até ali:
no óvulo de Leocádia! Era de se esperar que este esperma vencesse com mais
rapidez a barreira do antes. Sim, ele venceria também a barreira do depois! Num
canto a observar, Armênio eternizava:
- Leocádia, é prazeroso ver
o nosso pequeno Alfred mamando, tentando por si só sugar com a boquinha
minúscula, o bico do seu seio repleto de leite!
- Sim, não se preocupe! Irei
ajudar o nosso filho na sucção, até ele aprender a sugar livremente. Não é meu
querido Alfred?! Veja o papai ali te observando!!
- Não vejo o momento de ele
começar a dar os primeiros passos...
- Acalme Armênio!
- Tudo bem, não se zangue!
Vou tentar controlar meu coração ansioso.
Numa metalinguagem
apropriada para fim de capítulo, e por lembrar que ainda estamos no quarto
capítulo, numa infeliz Era de Castelo Branco! Alfred iria conceder os primeiros
passos muito antes do AI-5 (Ato Institucional nº5). Segurando na mão esquerda do
pai, e na mão direita da mãe, Alfred ensaiaria seus primeiros passos na
cerâmica de sua casa. Digamos: os primeiros passos para a eternidade.
(Carlos André)
Nenhum comentário:
Postar um comentário