Capítulo VII – Para a querida Cyndi;
Uma boa notícia aos
desesperados por novos rostos: a novela começa agora a ter outros personagens –
e Cyndi é uma delas -.
Cyndi havia completado
dezessete anos, e o irmão de Leocádia, o Giuseppe, mandara Cyndi passar uns
tempos na casa da irmã. Giuseppe morava na região de Guanabara, e alegava que
se Cyndi respirasse novos ares saudáveis (descobrisse novos horizontes
mineiros), diferentes dos ares tempestuosos que sobrecarregavam as nuvens da
Guanabara, ela retornaria para o Rio de Janeiro já com a decisão em qual
carreira seguir.
O que Giuseppe mesmo temia,
é que Cyndi pudesse se envolver em lideranças estudantis secretas, núcleos que
eram formados em cada Estado para pararem o golpe. Eles se expandiam. Cyndi um
dia lhe dissera:
- Pai, é preciso enfraquecer
a base militar deste governo golpista. Governo não! Uma completa ditadura!
Temos que tirar eles de lá, e aos poucos, nós conseguiremos!
- Quem... minha filha?! Quem
terá a coragem de ir lá e tirar-lhes do poder? Isso praticamente no momento
é impossível.
- Não sei como explicar
agora pai...
- Não me esconda nada Cyndi!
– Resmungou Giuseppe antes que Madalena, a mãe de Cyndi entrasse na sala e
pronunciasse:
- Vocês leram o que saiu no
jornal?
- Não Madalena! – Exclamara
Giuseppe, meio aturdido com a possibilidade de a filha está participando de
alguma agremiação, e junto com o que haveria de ser lido no jornal.
- Eles mataram Marighela!
- Não é possível mãe! - Disse
um tanto assustada Cyndi, esboçando uma lágrima fria e amarga no rosto.
Madalena mirou Cyndi, como se apontasse uma arma, e disparou ignorantemente
contra Cyndi:
- Você conhecia este
terrorista Cyndi?
- Não mamãe! Mas já ouvir
falar dele. Ele não é terrorista como descreve o jornal.
- Filha! Ao invés de você se
preocupar com o futuro dos seus estudos, você se preocupa com quem morreu ou
deixou de morrer?!
-Sim, exatamente mamãe! –
Disparara raivosamente Cyndi – Para dizer a verdade, eu e um grupo de amigos
iremos tirar os militares do poder. Você não perde por esperar! – Após isso,
Cyndi saiu correndo da sala, e foi para o seu quarto, e num gesto de protesto,
bateu a porta tão forte, que os vizinhos do apartamento, se entreolharam entre
si, murmurando sobre o que estava acontecendo naquele meio familiar conturbado.
Giuseppe ainda acalmaria Madalena:
- Deixe ela Madalena! Cyndi
não há de se aventurar em protestos. Minha irmã está à procura de uma babá, e irei
mandar Cyndi para cuidar do pequeno Alfred.
- Giuseppe, acorde! Cyndi
não sabe cuidar nem de si mesma, imagine de uma criança.
- Ela saberá, acalme
Madalena! Pois ela me disse que gostaria muito de conhecer seu primo. Esta é
uma boa oportunidade.
- Você que fica
influenciando a nossa Cyndi com esses ideais de revolução. Tenho medo que Cyndi
possa se ferir no meio do caminho. Uma boa ideia mandá-la para Belo Horizonte.
E, foi assim, que Cyndi foi
para Belo Horizonte cuidar do pequeno Alfred!
(Carlos André)
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