Capítulo
XXIV – Os aplausos tem um quê de filosofia;
Depois do “Bravo” e “Esplêndido”,
as palmas ecoaram rapidamente pelo espaço do teatro. Alfred foi até o meio do
palco, e agradeceu ao público que estava presente:
- Grazie! Buona notte!
Os críticos musicais? A
maioria deles admitiu que Alfred estivesse no caminho certo, era um virtuoso
pianista. No entanto, havia o crítico Hermógenes que vinha sempre com suas
análises espalhafatosas. Disse saindo do Palácio das Artes:
- Este garoto ainda tem que
evoluir muito como pianista. As frequências dele não são tão monótonas em todas
as peças. Ele erra em alguns intervalos de entrada de uma partitura para outra.
O senhor Demétrio, pianista
aposentado de alguma companhia, interpôs seu argumento diante da posição de
Hermógenes:
- Acalma Hermógenes! O
menino ainda tem dez anos, pelo que ouvi falar. Mas para mim, ele já é um
excelente pianista! Têm todas as qualidades de precisão quando está
administrando o piano.
- Para você, mas não para
mim!
- Sim! Cada um com sua
opinião, então!
- Não viemos aqui para
discutir equilíbrios musicais; se o garoto pendeu para uma frequência ou não;
só estou defendendo os meus conceitos musicais de como um pianista deve se
comportar.
- Claro que não viemos aqui,
discutir sem ao menos deixar a magia do espetáculo de hoje, nos contagiar
emocionalmente! A meu ver, estou engrandecido por essa magia! Até mais
Hermógenes.
No tempo que o pianista Demétrio
tocava, Hermógenes era o resenhista, e havia escrito na época uma resenha
intitulada “A quinta-essência do Piano”, criticando os modos como Demétrio
tocava, e sugerindo que este parasse de inventar staccatos onde não devia.
Pelo vestiário, muitos
aplausos, “parabéns”, “gostei de sua performance garoto”, “você vai longe”, “isso
aí, continue assim”. A família de Alfred vinha ao seu encontro:
- Filho, no geral amei! Teve
um momento, que você não devia ter inventado uma oitava aonde não podia – Elogiava
e ao mesmo alertava Armênio.
- Va bene pai! Foi só desta
vez!
- Não ligue para seu pai,
amor! Você foi demais! – Concluía Leocádia.
- Grazie mãe!
- Ótimo Alfred! – Dizia Cyndi.
- Grazie, querida Cyndi!
Quando Pérola entrou no
camarim junto com Camila, Alfred logo correu ao encontro dela. Abraçou-a tão
forte, como se quisesse fugir de algo, e perguntou:
- Pérola! Você gostou das
músicas que toquei?
(Carlos André)
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