quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Novela - O PIANISTA

Capítulo XXIV – Os aplausos tem um quê de filosofia;


Depois do “Bravo” e “Esplêndido”, as palmas ecoaram rapidamente pelo espaço do teatro. Alfred foi até o meio do palco, e agradeceu ao público que estava presente:

- Grazie! Buona notte!

Os críticos musicais? A maioria deles admitiu que Alfred estivesse no caminho certo, era um virtuoso pianista. No entanto, havia o crítico Hermógenes que vinha sempre com suas análises espalhafatosas. Disse saindo do Palácio das Artes:

- Este garoto ainda tem que evoluir muito como pianista. As frequências dele não são tão monótonas em todas as peças. Ele erra em alguns intervalos de entrada de uma partitura para outra.

O senhor Demétrio, pianista aposentado de alguma companhia, interpôs seu argumento diante da posição de Hermógenes:

- Acalma Hermógenes! O menino ainda tem dez anos, pelo que ouvi falar. Mas para mim, ele já é um excelente pianista! Têm todas as qualidades de precisão quando está administrando o piano.
- Para você, mas não para mim!
- Sim! Cada um com sua opinião, então!
- Não viemos aqui para discutir equilíbrios musicais; se o garoto pendeu para uma frequência ou não; só estou defendendo os meus conceitos musicais de como um pianista deve se comportar.
- Claro que não viemos aqui, discutir sem ao menos deixar a magia do espetáculo de hoje, nos contagiar emocionalmente! A meu ver, estou engrandecido por essa magia! Até mais Hermógenes.

No tempo que o pianista Demétrio tocava, Hermógenes era o resenhista, e havia escrito na época uma resenha intitulada “A quinta-essência do Piano”, criticando os modos como Demétrio tocava, e sugerindo que este parasse de inventar staccatos onde não devia.  

Pelo vestiário, muitos aplausos, “parabéns”, “gostei de sua performance garoto”, “você vai longe”, “isso aí, continue assim”. A família de Alfred vinha ao seu encontro:

- Filho, no geral amei! Teve um momento, que você não devia ter inventado uma oitava aonde não podia – Elogiava e ao mesmo alertava Armênio.
- Va bene pai! Foi só desta vez!
- Não ligue para seu pai, amor! Você foi demais! – Concluía Leocádia.
- Grazie mãe!
- Ótimo Alfred! – Dizia Cyndi.
- Grazie, querida Cyndi!

Quando Pérola entrou no camarim junto com Camila, Alfred logo correu ao encontro dela. Abraçou-a tão forte, como se quisesse fugir de algo, e perguntou:

- Pérola! Você gostou das músicas que toquei?


(Carlos André)

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