segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Novela - O PIANISTA

Capítulo XXI – O Interrogatório;

- O que esses aí estão cansando aqui? – Perguntou logo o general...  - que evitarei citar o nome, para ser mais fácil de ser esquecido - logo quando Giuseppe e Madalena chegaram ao gabinete.
- General, a escolta pediu para trazerem eles, pois o senhorzinho aqui não está com a identidade! – Respondera o subordinado do general.
- É! Você, e suponho que sua mulher teve falta de forte hoje! Estamos procurando alguns comunistas que estavam localizados exatamente na Guanabara.
- Mas não há nada de errado com meus documentos, lhe garanto!
- Pode ser mesmo que não haja! Mas...
- Senhor, estamos indo ver uma apresentação de piano do nosso sobrinho!
- Senhor não, general! Não esqueça com quem esteja falando! Oh, um pianista, ficarei muito honrado de conhecer, mas não estamos aqui para falar de música; quero lhe fazer algumas perguntas sobre um fusca cinza, caso tenha visto; – Ríspido e contundente bravejara o general ajeitando os apetrechos da farda.
- Perdoe-me general! Eu sei o meu lugar – Não tão exaltado como parecesse, Giuseppe havia se pronunciado.
- Leve esta senhora para fora, enquanto interrogo este infeliz!
- Não a machuque! Peço que minha mulher fique aqui, do meu lado!
- Não iremos machucá-la! – Riu sarcasticamente o subordinado aos comandos do general. 
- Tudo bem! Só leve ela pra cela então – Soltou uma gargalhada de superioridade o general.
- O quê!!! – exaltara Giuseppe com razão – Nós não fizemos nada!
- Então me responda cinco perguntas básicas.
- Pois então general, peço que me faça as perguntas que eu responderei caso eu saiba de alguma informação – Solicitou um pouco trêmulo dentro da alma Giuseppe: sua testa franzia, e os olhos se encontravam turvos, visto que tinha perdido os óculos no meio do caminho. 
- Sim, você sabe muito bem que eu não estou aqui pra brincadeira! Você viu algum fusca cinza de placa... RJ7469 indo para Belo Horizonte?
- Sim!
- Humm! – Surpreendera o general, pois esperava que Giuseppe dissesse “NÃO” com todas as letras.
- Exatamente isso! Sim, eu vi um fusca cinza, mas não notei o número da placa. Vi que corria em alta velocidade. Ultrapassou o meu carro e seguiu.
- Pois bem! Temos aqui um aliado que não mente!
- Já podemos ir?
- Ainda não! Faltam a segunda, terceira e quarta pergunta!
- Então me faça, que se eu souber eu respondo! – Dava pra ver que Giuseppe tentava se firmar nas pernas, não transparecendo qualquer alarme de desespero.
- Não me esconda nada! Você viu alguma moça branca de cabelos ruivos, e que estava usando óculos pretos, e que estava sentado ao lado do motorista?
- Sim, havia uma moça ao lado do motorista, mas era de cabelos loiros!
- Possa ser que fosse uma peruca! – Supôs o general que no final da suposição, desenhava um laivo de um riso mordaz no canto dos lábios.
- Não sei lhe dizer general!
- Havia mais pessoas no banco de trás?
- Não! Só havia eles dois!
- Pois bem! A quinta pergunta é: vocês querem passar uma noite na cela, pra saber como é que funciona o sistema?
- Se me permite eu lhe dizer: eu lhe respondi todas as perguntas que eu sabia.
- Sim! É porque tem aquela coisa: se eu prender vocês, vão dizer por aí que eu sou o “cara”, o destemido, onde ninguém manda ou desmanda nele; porém, se eu liberar vocês, vão me apunhalar pelas costas, principalmente os de lá de cima, dizendo que sou um general “bonzinho”, amigo de todos... o que você me supõe que eu faça?
- Não sei senhor general! Só peço que não machuque minha esposa!
- Tudo bem! Vou deixar vocês passarem uma noite na cela. Assim, eu não comprometerei minha reputação – Decidiu o general, que colocava o ponto final naquela história.

Giuseppe e Madalena passaram a noite na cela, sem direito a água ou comida. Havia um colchão rasgado e sujo, onde eles puderam pelo menos descansar suas cabeças: descansar um pouco do interrogatório.


(Carlos André)

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