segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Novela - O PIANISTA

Capítulo XXXIV - O Desfecho do Adultério;

- Que sem-vergonhice é essa em cima da minha cama!!! – Gritava em fúria e a plenos pulmões a Madalena. Luíza, estando completamente nua e suada, logo pula da cama e tampa o rosto. Tenta, pelo menos!
- Querida, espere... – gaguejava o coitado do tal Giuseppe, que não encontrava palavras exatas para justificar a traição, aquele adultério! – Acalme querida, que eu posso te explicar!   
- Que querida o quê Giuseppe! Explicar?!!! Não será preciso, está aí sua explicação, todinha em pé. Sua empregadinha duma figa! Não, melhor dizendo, uma puta da esquina... pensa que eu não posso lhe reconhecer?!! Sai de Belo Horizonte para vim até Guanabara, até o nosso apartamento... e você, Giuseppe, é o maior culpado por deixar se seduzir por essa daí – Madalena logo correu em direção a Luíza, e desferiu um tapa daqueles de doer e deixar marca por uma semana no rosto da Luíza.
- Não faça isso, pelo amor de Deus!! – Gritava Giuseppe.
- Eu te mato, sua imprestável!! – Berrava Madalena, abrindo as duas mãos que se tremiam e agarrando com os punhos fechados - e com toda vivacidade - os cabelos da empregada Luíza, puxava e arrancava grandes mechas do seu couro cabeludo. “Ai, ai, ai, pare, por favor! Desculpe... me perdoe!” Sim, exatamente ela: Luíza, a empregada de longa data, da casa da família dos Alves Botticelli Fellini, que se encontrava ajoelhada e gritava de dor, enquanto Madalena puxava o cabelo e batia em seu rosto.
- Desculpas?! Agora eu não quero ouvir desculpas e nunca te perdoarei. Isso não se faz sua sem-vergonha, além do mais, com homem casado, pai de família.
- Mas... eu não tenho culpa...ai, ai! Seu marido que me escolheu... ai, pare, chega disso Dona Madalena!
- Olhe ela, querendo se safar! Mas pense que eu sou boba?! Que eu não sou esperta?! Não me diga que você aprendeu isso na escola de bons modos! - Satirizava Madalena, e continuava puxando com toda força os cabelos da Luíza, e por último cuspia em sua cara, fazendo o catarro amargo de indignação escorrer em sua face branca e avermelhada.

Nesse vai e vem do diálogo, dar tempo de Giuseppe colocar a cueca e vestir a calça. Giuseppe retira Madalena de cima de Luíza. Esta chora de tanta dor. Há um laivo de sangue em seu braço esquerdo, arranhado pelas unhas afiadas de Madalena. Luíza deixa o quarto (lembre-se leitor, que ela ainda está nua) e corre até o banheiro.

Enquanto isso, Madalena que ainda não exprimiu nenhuma lágrima significativa de frente para seu marido (ou ex-marido) traidor, resolve dar uma bofetada na face direita dele. Giuseppe não se revida. Nunca se passara em sua mente retribuir aquele tapa, daquela manhã longe de ser esquecida.

Giuseppe estava calmo e sereno.

Às vezes Giuseppe pensava: “Isso não era pra ter acontecido!” ou “Eu deixei me envolver pelas tentações da carne!” Nenhuma das duas sentenças do seu pensando iam de acordo do que estava por vir.

- Giuseppe! Quero que você pegue suas coisas e caia o fora daqui! – Disparava Madalena já decidida no que iria fazer.
- Madalena, te lo chiedo... vamos conversar! – Era pouco de se entender o motivo que Giuseppe utilizava o “eu te peço” em italiano, já que em nenhum momento da cena de adultério, ele exalta sua descendência.
- Não venha com lamúrias pra cima de mim, Giuseppe! Eu te conheço faz tanto tempo, e um deslize como este de tamanha proporção, quebra o clima de qualquer relação que foi sustentada por muitos anos, feito a nossa!
- Dar tempo de reparar os danos cometidos! Perdoa-me!
- Não! Por favor, vista e dê o fora daqui! Vá... vai correndo pra casa de sua irmãzinha Leocádia, quem sabe ela possa te ajudar! Não se esqueça de levar sua amante que está lá no banheiro, chorando. Hoje mesmo sua filha saberá de sua façanha.

Assim sendo, Giuseppe coloca rapidamente algumas roupas na maleta. Pega o vestido florido da cama, enrolado na calcinha molhada da Luíza, enquanto esta lava seus braços na pia do banheiro.

- Luíza, se vista! Chamarei o táxi pra você! – Giuseppe entrega o vestido e a calcinha.
- E pra onde você vai?
- Eu não sei ainda!
- Eu não quero ficar só! – Desesperava em prantos a Luíza.
- Acalme-se! – Giuseppe tentava conter a situação – Pedirei o taxista para te deixar no aeroporto próximo daqui! Trate de pegar o avião e ir direto para sua casa em Belo Horizonte. Tudo bem?
- Sim, tudo bem! Farei o que você me pede.


(Carlos André)         

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