terça-feira, 14 de novembro de 2017

Novela - O PIANISTA

Capítulo XXIX – É preciso...

No governo de João Figueiredo, que seria o último militar durante a ditadura, a assumir a presidência, que ocorreria a Anistia. Diríamos: a compra do “perdão” para aqueles que estavam exilados ou com os direitos cassados, como se fosse necessário comprar indulgências para se salvar, retornar para seu país de origem.

Ainda em 1977, no final deste ano, Cyndi retornará para sua casa em Guanabara. Alfred se impõe a decisão de Cyndi quando ambos estão a conversar no quarto:

- Cyndi, não quero que você vá embora daqui!
- Querido, sempre que possível, eu vou vim visitar vocês!
- Mas eu desejo que você fique com a gente... pra sempre!
- As coisas não são assim, Alfred! Eu tenho sonhos também.
- Eu sei...
- Além do mais, a Margaret já está com sete anos.
- Cyndi, eu queria muito que sua estadia durasse para sempre! – Alfred chora, lágrimas sinceras. Ele tenta até se conter, mas não aguenta e se agarra nos braços acolhedores de Cyndi.
- Eu estou retornando para arrumar um emprego, e tentar comprar uma casa. Dar um sentido a mais para o meu retorno a Guanabara. Não quero viver sempre à custa dos meus pais. É preciso ser independente em certas questões!
- E quando isso acontecer, você...
- Sim, irei convidar todos vocês, para vir conhecer a minha nova casa! Não é, querida Margaret?

Cyndi mirava carinhosamente a Margaret, que acabava de chegar da aula de balé, colocava a mochila no sofá, e entrava no quarto de Alfred:

- É verdade que você vai embora? – Perguntava Margaret.
- Sim, querida Cyndi!
- Não vá, por favor!
- Eu tenho que ir, não há escolhas. Logo, logo, nós três iremos nos encontrar de novo. Eu prometo! – Cyndi finalizava os argumentos, pouco convincentes naquele momento para os dois primos.

Sim, é preciso! É preciso arrumar a cama quando se levanta; trocar a água do jarro de flores; preparar o café, e separar os jornais de ontem das edições de hoje. É preciso...


(Carlos André)

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