Capítulo
XXV – A vinda dos que faltavam;
- Você sabe a minha
resposta! – Confessava Pérola, meio inquieta entre um sorriso e uma timidez por
trás das palavras.
- Sim, eu sei! Pressinto...
- Me emocionei no Nessun
dorma!
- Principalmente com essa
música que pretendi homenagear os meus pais; meus avós!
- É lindo saber disso! Você
me orgulha!
- Fico feliz em saber!
- Parabéns querido Alfred! –
Se ajuntou Camila na conversa, depois de ter cumprimentado e conversado rapidamente
com Armênio e Leocádia! – Espetacular! É isto que te define garoto!
- Grazie Camila! Vamos agora
pra casa? Acredito que meu tio já tenha chegado... você conhecerá ele...
gostarão dele; não sei qual motivo ele não veio para minha apresentação.
Na cela, Giuseppe contorcia-se
nos poucos espaços do colchão moribundo, praticamente pregado ao chão gelado da
noite tenebrosa. Madalena não fechava os olhos.
- Giuseppe, devemos ligar
para sua irmã!
- Madalena, deixe de ser tão
inocente! – Sussurrava Giuseppe, com a boca seca. Queria água, mas não podia
pedir.
- Não custa tentar Giuseppe!
– Insistia Madalena.
- Uma: eles irão grampear a
linha telefônica, por suspeitar.
- Mas não temos nada a ver
com aquele fusca cinza que passou ao nosso lado!
- E quem disse que aquele
fusca passou ao nosso lado? – Confessava Giuseppe, no dorso do ouvido esquerdo
de Madalena.
- Você mentiu!!!! –
Exclamara atônita Madalena.
- Chiuuu! Fale baixo
Madalena!
- Se eles descobrirem, não
sei qual será a nossa salvação.
- Acalme-se! Vamos tentar
dormir. Amanhã será um novo dia. Tomara que saiamos daqui, logo pela manhã!
E como foi dito, aconteceu.
O general vindo com seu passo imperial pelo corredor, posicionando
militarmente, anunciara de frente da cela:
- Infelizes! Só porque hoje
eu acordei de bom humor, vocês já podem ir. Sumam, antes que eu mude de ideia. Pelo
que notei, as informações coincidem. Nós já identificamos o fusca.
- O quê!? – Exclamara Madalena
de novo. Madalena não sabia se conter.
- Sim madame! Nós identificamos
e já estamos tratando do caso. Qual o motivo do susto?
- Não, é....porque... talvez
eles... possam...deveriam...pela velocidade que... – se atrapalhava toda
Madalena. Seu nível psicológico já estava alterado pela noite na cela, além de
outras causas.
- General, minha esposa quer
dizer que conforme a velocidade que eles passaram por nós, eles já deveriam ter
percorrido uma longa distância! Perdoa-lhe! Ela está muito cansada.
- Vão logo, e nunca ousem
testar a paciência deste general que vocês veem diante dos seus olhos, ok?
- Tudo bem! – Finalizara Giuseppe,
com a respiração ofegante, mas firme e forte, como devia ser naquele momento.
Pérola implorava para
Camila:
- Mãe, vamos!
- Desta vez não dará certo
Pérola! Desculpe Alfred, mas da próxima vez, uma outra oportunidade que com
certeza haverá, iremos conhecer seu tio! A Pérola tem tarefas escolares hoje! –
Desculpava-se Camila, mas as “tarefas escolares” não era um bom argumento para
não irem, ou pelo menos, deixar Pérola ir com os Alves Botticelli.
- Tudo bem! Meu tio ficará
uma semana com a gente. Assim...
- Que bom! Está vendo,
teremos outras oportunidades! – Interrompera Camila na fala de Alfred, no qual
este queria deixar Camila numa mesa de sinuca, se formos utilizar uma imagem
metafórica de jogo -. Bem, esta é o que me veio no momento.
- Até mais, Alfred! – Pérola
abraçava Alfred, e o beijava no rosto.
- Até mais Pérola! – Com a
expressão mais para melancólico do que depreciativo, pronunciara Alfred com a
fala cortante, embora, no final, também a beijaria no rosto.
- Tchau, querido! –
Despedia-se Camila.
- Até...! – Respondia Alfred.
No caminho para casa, Alfred, que se
encontrava no banco de trás, encostava a cabeça nos ombros de Cyndi – que estava
no canto da janela - como gesto de que queria carinho, um afago para aliviar o
que não deu certo. Cyndi entendia: fazia carinho em seus cabelos, em sua testa,
afagando o rosto de Alfred, por onde estava descendo secretamente lágrimas, de
desgosto amargo. Além do mais, ela viu Alfred crescer de tão perto, mais do que
seus pais. Enquanto a cena acontecia, Leocádia e Armênio conversavam algum
assunto no banco da frente, sem perceberem que os dois estavam muito quietos.
Chegaram no apartamento. Margaret,
que acordou com o barulho do carro e descia do colo de Luíza, corria para
abraçar Alfred. Este a colocava no colo.
- Alfre...!!! Per que “cê”
tá tis...te? – Perguntara inocentemente Margaret.
- Oi Margaret! Você é
difícil em dormir enquanto eu não chego, não é?! Não estou triste, estou
cansado da noite de concertos, do piano, que você tanto gosta de me ver
tocando, e infelizmente você não pode ir. – Alfred mentia quando dissera que
não estava triste.
- Luíza, você já deu a
mamadeira para Margaret? – Perguntara Leocádia.
- Sim, senhora!
- Pois bem, vamos todos dormir
agora! Proclamava Armênio.
- Amanhã eu te conto tudo
Margaret, pois agora estou cansado da noite que foi! Um beijo... isso! – Dizia Alfred,
colocando a Margaret no chão, alegando está muito cansado da noite.
- Tudo bem! Vai descansar
meu filho! A noite foi intensa para você, para todos nós! – Afirmava Leocádia.
- Isso Alfred! Descanse! –
Consentia Armênio.
Cyndi o acompanhou até o
quarto. No colo de Cyndi, mesmo não conseguindo chorar, expor tudo para fora o
que sentia, poucas lágrimas como aquelas que fluíram dentro do carro começou a
deslizar pelo seu rosto liso, foi quando Alfred disse para Cyndi:
- Por que Camila não deixa
Pérola vim dormir aqui mais?
- Penso... não sei se você
se lembra, mas há quatro anos, o pai de Pérola esteve aqui, no dia do jantar...
- Sim, eu lembro!
- Então, acredito que sua
pergunta possa ser respondida, conforme o que eles decidiram quando estiveram lá em cima.
- Pérola gosta muito do seu
pai! Ela confessou isso para mim. Lembrei: o nome dele é Ricardo!
- Eu até entendo Pérola.
- Cyndi, talvez possa ser
outra coisa!
- Mas que coisa seria?
- Não sei... você sabe que
eu e a Pérola somos muito interligados. A nossa amizade é muito forte. Talvez
ela sinta um pouco de ciúme.
- Não preocupe com isso
agora, meu bem! A Camila te adora tanto. Por que ela não gostaria de ti, heim?
- Não sei; eu sinto às vezes
um desprezo, quando eu convido Pérola para vim aqui, e Camila inventa alguma
história mirabolante, impedindo-nos!
- Não é desprezo Alfred!
Suponho que seja pela discussão daquele dia do jantar.
- Va benne! Pode até ser.
- Durma querido! Tente dormir
e descansar, você precisa recuperar o ânimo para os próximos dias que virão.
- E o tio Giuseppe que não
veio?
- Pois é, isto é um
mistério! Eles avisaram que sairiam anteontem. Vai ver eles resolveram virem
outro dia!
- A tia Madalena vem?!
- Sim!
- Isso é um milagre!
- Acredito que fará bem para
ela, ficar uma semana fora de Guanabara!
- Eu a conhecerei,
finalmente!
- Sim! Agora vá dormir. Buonna
notte querido primo Alfred!
- Buonna notte, minha querida
prima Cyndi!
(Carlos André)
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