Capítulo
XX – É onde a Margaret entra na história;
Houvera um silêncio tão
longo e indisplicentemente contagiante, quando Alfred pisou no palco do Palácio
das Artes, recém-inaugurado em 1971. O piano de marca Fritz Dobbert - diferente
da marca de pianoforte Fazioli que estava prestes a ser lançado -, figurava no
palco à espera de Alfred e os ademais pianistas que fariam suas atrações
naquela noite, na primavera de 1974.
O que acontece, ou melhor, o
que aconteceu naquela noite ficará marcado na vida de Alfred e de seus
familiares, e poucos amigos e colegas aos quais estavam ali.
Retornemos há algumas semanas
antes, aonde Giuseppe e Madalena viriam da Guanabara para Belo Horizonte passar
uma semana com a família Alves Botticelli. Estava com quatro anos que Giuseppe
não via seu sobrinho (de sangue) Alfred, e ainda não conhecia sua recém-sobrinha
Margaret. Madalena, não conhecia nenhum dos dois sobrinhos (de consideração).
A relação de pai e filha
entre Giuseppe e Cyndi era consideravelmente equilibrada, não havendo conflitos
de jogo psicológico. No entanto, a relação que havia com sua mãe nos últimos
tempos, se contarmos desde a época que Cyndi discutiu sobre a opinião de sua
mãe a respeito da morte de Marighella - mas não queremos julgar Madalena no
tribunal sem direito a defesas, nada disso! – surgido a partir da notícia lida
do jornal, veremos que faltava pouco para que ambas reatassem uma boa relação
de mãe e filha. Teve uma vez que Cyndi ligou para Giuseppe toda contente:
- Pai, estou namorando! Quero
que você conheça o Roberto!
- Quem?! Roberto?! Filha,
não aceitarei qualquer namorado! Além de tudo, tenho que saber a procedência
familiar desse rapaz, se é de boa índole. Não quero que ninguém faça minha
filha infeliz! Você merece tudo de bom.
- Sim... pai! Você gostará
dele, tenho certeza!
- E sua mãe, o que ela diz?
- Ela não sabe!
- O quê?!
- Exatamente. Não fiz
questão de contar a ela.
- Você tem que fazer as
pazes com sua mãe em questão destas coisas de mulheres!
- Minha mãe não entende nada
de relacionamento. Não se importe se eu lhe disser que vocês tem tanta sorte
que a relação de vocês anda numa boa.
- É porque já passamos desta
fase filha!
- Sim, compreendo, mas vamos
deixar de lado esta questão por enquanto. Vocês virão vim conhecer a Margaret?
Ela tem quatro aninhos agora; não diga que o que lhes
impedem é a distância de Belo Horizonte a Guanabara, e venham visitar seus
sobrinhos.
- Vou marcar com a Leocádia
de irmos no próximo mês. Sua mãe que sempre me pressiona que não pode abandonar
as costuras que tem para fazer no início do mês.
- Exatamente ela, que tem
dez anos que não vê Alfred, praticamente nunca conheceu o menino! Se depender
de seus esforços, ela nunca conhecerá Margaret! Pai, acredita que tia Leocádia
matriculou Margaret numa escola de balé daqui do centro?
- Que ótimo! Não bastava um
pianista na família, agora ela quer incentivar o gosto da menina ao balé. Tradição
italiana esta, pois nossos pais sempre nos aconselhavam desde pequenos: “É
preciso cuidar das bases, para depois pensar na altura”. Acredito que isso fará
bem para Margaret. Estou ansioso para conhecê-la!
- Pois então, venha!
- Irei sim, filha! Mesmo que
sua mãe não venha comigo, irei visitar vocês.
- Estou aguardando! Tenho
que desligar agora, tchau, beijos! Ti amo papà!
- Ti amo figlia! Depois
continuaremos aquela conserva de namoro.
- Sim... até papà!
Destarte, decorreram semanas
para que não só Giuseppe pudesse finalmente conhecer sua sobrinha Margaret,
como também Madalena pudesse se desvencilhar um pouco dos assuntos da costura,
e ela veio, em carne e osso como diz o ditado.
Durante a viagem de
Guanabara a Belo Horizonte, eles foram parados por uma escolta policial, que
exigia toda a documentação do carro e do motorista. Giuseppe estava com os seus
documentos pessoais, exceto a documentação do carro e a carteira de identidade.
Em decorrência desde mau descuido, ou por suspeitas da polícia que operava
naquela área, Giuseppe e Madalena foram levados ao DOI-CODI. Aguardemos os próximos
capítulos, para saber de fato onde, no que esta história irá desencadear.
(Carlos André)
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