Capítulo
XXX – O Destino sempre revela surpresas;
No ano de 1977, além de ter
sido oficializado o divórcio, onde os pais da Pérola puderam enfim oficializar
seus direitos; será no ano de 1978 que a família Alves Botticelli Fellini,
receberá visitas, com a vinda do irmão de Armênio e sua esposa – Luigi e Milena
-, que a última vez que estiveram em Belo Horizonte, foi na festa de
aniversário de três aninhos de Margaret.
Eles moravam em Barcelona, e
com Milena, de aspecto dócil, mas muito séria, nunca tinham conseguido terem um
filho. Até tentaram no ano passado, mas não foi desta vez.
Não era culpa de Milena, não
poderíamos culpar a Milena de jeito nenhum, pois era culpa do destino
inafiançável. Esse sim era o maior culpado: do destino, ou para aqueles que
desejarem: o acaso!
Luigi, sentado no sofá da
sala, e com o seu tradicional charuto na boca, conversava com o seu irmão, que
estava com a tradicional xícara de café na boca, de porcelana. Na intimidade,
Luigi chamava-o carinhosamente de “Nio”:
- Caro Nio! Lo sai molto
benne, pois eu relatei em lettera, que mia mogli está tratando o cisto no
ovário. A ginecologista catalã, que por sinal, é una grande professionista, nos
disse que isso é que a impede de engravidar. Antes eu pensava que seria io.
- Lui! Não pressione a
Milena nessa questão de engravidar agora. Você deve dar o maior apoio para ela
nesse momento.
- Sì, caro fratello!
- Caso queiram consultar nos
médicos aqui de Belo Horizonte, sintam-se a vontade. Sei benne da crise
econômica brasileira que andamos passando por aqui, pero tenho dinheiro para
isso, do que recebi da empresa!
- Grazie! Mas não será
preciso! – Respondia Luigi, sempre desejando não causar mais despesas a Armênio.
- E você têm notícias do nostro
padre?
- Nio, a última vez eles nos
disseram de Verona, que o pai não estava tão bem! A Dona Amnésia está atacando
os globos da mente dele.
- No tempo, tentei trazer
ele pra cá, mas ele é teimoso.
- Ho paura... tenho medo que
isso seja hereditário!
- Deixe de bobagem Luigi!
- Você tem que avisar o
Alfred sobre isso. O nosso pai começou assim, se esforçando para fixar uma
partitura dificílima, e olhe no que deu!
- Os exercícios frequentes
de piano, não é fator de amnésia! Você precisa se informar mais sobre isso. Se
fosse hereditário, nós dois teríamos.
- Va bene, pero essas são
exceções! Depois não diga que lhe avisei!
- Agora, o nosso Alfred está
a enamorar!
- Esse é da família! – Estufava
o peito Luigi, orgulhando-se do sobrinho - E as aulas de balé da Margaret, como
vão?
- Bene! No ano que vem, ela
terá que conciliar as aulas de balé com o Colégio, já que Leocádia pretende
mudar o turno dela.
- E ela gosta de balé mesmo,
ou é somente um desejo dos pais? – Luigi se prontificava a perguntar.
- Desde pequena a víamos
dançando na sala, esbarrando nos móveis, tentando dar piruetas na cama, sem
contar que no berço, a Margaret já era tão inquieta!
- E ela não herdou alguma
aptidão musical da nossa família?
- Lui, vejo na Margaret,
algo diferente quando se trata de música. Sinto que ela nasceu para a dança
clássica. Em questão da música clássica, sempre foi desejo da nossa mãe, uma
tradicional secular da nossa família, que o gosto musical passasse de pai para
filho. Alfred é mais hábil no piano do que eu e você juntos, acredite! Ele fará
quatorze no dia vinte e dois de setembro, e isso não é uma confissão de um pai
“orgulhoso”, mas sim de um crítico observador que cobra resultados. Ele ainda
tem muito que evoluir em alguns aspectos, mas acredito que Alfred é o melhor
pianista que já tivemos na tradicional musical da nossa família!
- Sì, se você diz quem sou
eu para discordar! – Sorria Luigi com a declaração de Armênio, que aos poucos,
não diria diminuindo, mas ia equilibrando a vontade de ser pai, acompanhando o
processo do cisto no ovário da Milena.
Em 1979, como já esperado,
João Figueiredo toma posse. É o ano da Anistia, mas destaco sendo o ano da
fundação da “Associação Nacional de Jornais”, que influenciou muito na
reabertura do jornal Um novo Olhar.
Embora 1979 tenha sido muito
próspero em parte para a família dos Alves Botticelli Fellini, por outro lado,
quando voltamos na relação de Alfred e Pérola, há uma notícia desagradável para
Alfred: Rodrigo levará a Pérola para estudar na França.
- Alfred, eu não quero ir!
Por favor, impeça meu pai!
- Eu já o pedi Pérola!
Conversei com minha família a respeito, mas eles dizem que não podem fazer nada
contra a decisão do seu pai.
- Não quero separar de você,
Alfred!
- Eu digo o mesmo Pérola!
- Juro que foi a Patrícia
que colocou na cabeça do meu pai para eles irem pra França!
- Seu pai me disse que são
negócios do trabalho dele, que coincidiu também da Patrícia ter que fazer um
intercâmbio em Paris.
- Eles disseram que nas
férias, eu viria para o Brasil ver minha mãe. Ver você...
- Então, por mais que eu não
queira que você vá, será bom pra você, você apreenderá uma nova língua e
cultura. Não demoraremos a nos ver!
- Você jura que escreverá
cartas para mim? Não deixará isso que sentimos um pelo outro se acabar?! –
Implorava Pérola com um sentimento tão puro de ser descrito.
- Eu juro! – Alfred olhava
nos olhos de Perola - Dou minha palavra que escreverei, e te enviarei cartas
duas semanas de cada mês!
- Eu também farei o mesmo,
meu querido!
Em 31 de outubro de 1979, ano
da Anistia, Pérola, indo na casa dos Alves Botticelli Fellini, junto de sua
mãe, se despede daquela família com um “Até breve”, e um “Não demore muito
querida Pérola” de Margaret. Pérola, dando um beijo tão quente no rosto e nos
lábios de Alfred, parte para França, destino: Paris!!
(Carlos André)
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