quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Novela - O PIANISTA

Capítulo XXX – O Destino sempre revela surpresas;

No ano de 1977, além de ter sido oficializado o divórcio, onde os pais da Pérola puderam enfim oficializar seus direitos; será no ano de 1978 que a família Alves Botticelli Fellini, receberá visitas, com a vinda do irmão de Armênio e sua esposa – Luigi e Milena -, que a última vez que estiveram em Belo Horizonte, foi na festa de aniversário de três aninhos de Margaret.

Eles moravam em Barcelona, e com Milena, de aspecto dócil, mas muito séria, nunca tinham conseguido terem um filho. Até tentaram no ano passado, mas não foi desta vez.

Não era culpa de Milena, não poderíamos culpar a Milena de jeito nenhum, pois era culpa do destino inafiançável. Esse sim era o maior culpado: do destino, ou para aqueles que desejarem: o acaso!

Luigi, sentado no sofá da sala, e com o seu tradicional charuto na boca, conversava com o seu irmão, que estava com a tradicional xícara de café na boca, de porcelana. Na intimidade, Luigi chamava-o carinhosamente de “Nio”:

- Caro Nio! Lo sai molto benne, pois eu relatei em lettera, que mia mogli está tratando o cisto no ovário. A ginecologista catalã, que por sinal, é una grande professionista, nos disse que isso é que a impede de engravidar. Antes eu pensava que seria io.
- Lui! Não pressione a Milena nessa questão de engravidar agora. Você deve dar o maior apoio para ela nesse momento.
- Sì, caro fratello!
- Caso queiram consultar nos médicos aqui de Belo Horizonte, sintam-se a vontade. Sei benne da crise econômica brasileira que andamos passando por aqui, pero tenho dinheiro para isso, do que recebi da empresa!
- Grazie! Mas não será preciso! – Respondia Luigi, sempre desejando não causar mais despesas a Armênio.
- E você têm notícias do nostro padre?
- Nio, a última vez eles nos disseram de Verona, que o pai não estava tão bem! A Dona Amnésia está atacando os globos da mente dele.
- No tempo, tentei trazer ele pra cá, mas ele é teimoso.
- Ho paura... tenho medo que isso seja hereditário!
- Deixe de bobagem Luigi!
- Você tem que avisar o Alfred sobre isso. O nosso pai começou assim, se esforçando para fixar uma partitura dificílima, e olhe no que deu!
- Os exercícios frequentes de piano, não é fator de amnésia! Você precisa se informar mais sobre isso. Se fosse hereditário, nós dois teríamos.
- Va bene, pero essas são exceções! Depois não diga que lhe avisei!
- Agora, o nosso Alfred está a enamorar!
- Esse é da família! – Estufava o peito Luigi, orgulhando-se do sobrinho - E as aulas de balé da Margaret, como vão?
- Bene! No ano que vem, ela terá que conciliar as aulas de balé com o Colégio, já que Leocádia pretende mudar o turno dela.
- E ela gosta de balé mesmo, ou é somente um desejo dos pais? – Luigi se prontificava a perguntar.
- Desde pequena a víamos dançando na sala, esbarrando nos móveis, tentando dar piruetas na cama, sem contar que no berço, a Margaret já era tão inquieta!
- E ela não herdou alguma aptidão musical da nossa família?
- Lui, vejo na Margaret, algo diferente quando se trata de música. Sinto que ela nasceu para a dança clássica. Em questão da música clássica, sempre foi desejo da nossa mãe, uma tradicional secular da nossa família, que o gosto musical passasse de pai para filho. Alfred é mais hábil no piano do que eu e você juntos, acredite! Ele fará quatorze no dia vinte e dois de setembro, e isso não é uma confissão de um pai “orgulhoso”, mas sim de um crítico observador que cobra resultados. Ele ainda tem muito que evoluir em alguns aspectos, mas acredito que Alfred é o melhor pianista que já tivemos na tradicional musical da nossa família! 
- Sì, se você diz quem sou eu para discordar! – Sorria Luigi com a declaração de Armênio, que aos poucos, não diria diminuindo, mas ia equilibrando a vontade de ser pai, acompanhando o processo do cisto no ovário da Milena.

Em 1979, como já esperado, João Figueiredo toma posse. É o ano da Anistia, mas destaco sendo o ano da fundação da “Associação Nacional de Jornais”, que influenciou muito na reabertura do jornal Um novo Olhar.

Embora 1979 tenha sido muito próspero em parte para a família dos Alves Botticelli Fellini, por outro lado, quando voltamos na relação de Alfred e Pérola, há uma notícia desagradável para Alfred: Rodrigo levará a Pérola para estudar na França.
- Alfred, eu não quero ir! Por favor, impeça meu pai!
- Eu já o pedi Pérola! Conversei com minha família a respeito, mas eles dizem que não podem fazer nada contra a decisão do seu pai.
- Não quero separar de você, Alfred!
- Eu digo o mesmo Pérola!
- Juro que foi a Patrícia que colocou na cabeça do meu pai para eles irem pra França!
- Seu pai me disse que são negócios do trabalho dele, que coincidiu também da Patrícia ter que fazer um intercâmbio em Paris.
- Eles disseram que nas férias, eu viria para o Brasil ver minha mãe. Ver você...
- Então, por mais que eu não queira que você vá, será bom pra você, você apreenderá uma nova língua e cultura. Não demoraremos a nos ver!
- Você jura que escreverá cartas para mim? Não deixará isso que sentimos um pelo outro se acabar?! – Implorava Pérola com um sentimento tão puro de ser descrito.
- Eu juro! – Alfred olhava nos olhos de Perola - Dou minha palavra que escreverei, e te enviarei cartas duas semanas de cada mês!
- Eu também farei o mesmo, meu querido!

Em 31 de outubro de 1979, ano da Anistia, Pérola, indo na casa dos Alves Botticelli Fellini, junto de sua mãe, se despede daquela família com um “Até breve”, e um “Não demore muito querida Pérola” de Margaret. Pérola, dando um beijo tão quente no rosto e nos lábios de Alfred, parte para França, destino: Paris!!


(Carlos André)

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