segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Novela - O PIANISTA

Capítulo XXXIII – O escândalo, com o perfume do sândalo que brotou da terra;
     
- Espero que dê certo meu querido irmão! Até já me conformei com a não ida a Moscou!
- Caso não seja agora, você terá outras oportunidades de ir querida irmã!

Um “toc, toc” se ouvia da porta. Era Leocádia chamando-os para irem almoçar.
- Já estamos indo mamma! – Do quarto, Alfred respondia – Vamos lá almoçar Margaret!
- Não estou com tanta fome! – Respondia a Margaret, convincente de seus ideais aos dez anos de idade. Notem que a diferença de idade entre ambos eram de seis anos.
- Anime-se!! Não é você que me disse que já tinha se conformado?
- Va bene, va bene, va bene... – Margaret, rapidamente se levantava da cama, abria a porta e se direcionava para a cozinha.
- Nostra!! – Exclamava Alfred para as paredes.

Na cozinha, vendo a filha mais conformada com o assunto “Moscou”, Leocádia, aproximando-se de Margaret, exclamava:
- Vem cá, minha querida! A mãe te ama tanto, e sempre quer o seu bem! Quando você estiver um pouco maior com certeza entenderás, se é que já não entende!

Leocádia acariciava os longos cabelos castanhos de Margaret que herdara de sua genética, além da pele clara; os lábios, olhos, e nariz, tem inteira característica genética de Armênio. Alfred só herdara os olhos de Leocádia, os lábios delgados, o nariz e o feitio dos pés. Agora, a pele morena (semelhante ao romantismo dos matizes da “Grande Figura Nua Deitada” de Modigliani, que se encontrava exposto na parede do Jornal Um Novo Olhar, e a pintura “A Última Ceia” de Leonardo da Vinci que se encontrava na sala), fora herdada de Armênio, além do cabelo um tanto macio. Sem contar que Alfred, agora deixava um pouco sua barba crescer, mesmo que gostasse sempre de mantê-la baixa, mas utilizava deste estilo para encarar grandes decisões – eu diria grandes concertos de piano que estavam por vir -.
- Dona Leocádia, hoje eu tenho que sair um pouco mais cedo, aquilo que eu tinha lhe falado: a minha amiga Gabriela está se recuperando de um câncer de mamas. Eu até arrumei a casa antes do horário previsto – Dizia Luíza justificando a saída mais cedo.
- Eu até estranhei a Gabriela não ter mais vindo lhe ajudar na faxina do apartamento. Ela é tão competente no que faz! – Elogiava Leocádia no momento de infortúnio da Gabriela.
- Compartilho da mesma opinião sua dona Leocádia!
- Tome! Vou lhe dar este dinheiro para você passar na floricultura e comprar um buquê de margaridas para a Gabriela. Diga que as margaridas são em nome da família Alves Botticelli Fellini, que a deseja uma ótima recuperação!
- Obrigada pela gentileza Dona Leocádia! Farei isso agora mesmo. Até amanhã! – Ansiosa, se apressava Luíza.
- Por nada Luíza! Não queres almoçar conosco antes de ir?
- Não, dona Leocádia! Eu agradeço, mas desta vez não. Estou com muita pressa...
- Sì! Até amanhã.
- Tchau Margaret!
- Ciao Luisa!

Bem provável que Luíza passasse na floricultura logo que saísse do apartamento, todavia, antes disso e de passar na casa da Gabriela, ela foi resolver algum assunto pendente com o taxista que a estava esperando.
Na casa da família de Cyndi, em Guanabara, tudo ocorria bem. Madalena estava com a clientela cheia: várias encomendas para costura. Giuseppe estava desempregado. Cyndi havia arrumado emprego na parte da manhã no consultório odontológico do casal Lucélia e Fernando, que haviam mudado para a Guanabara e transferido o consultório, mesmo ainda tendo uma filial em Belo Horizonte, no sentido Lagoa da Pampulha. Além do emprego, Cyndi conseguiu dar uma entrada no apartamento da Vila Horizonte, hoje Bairro Pompeia em Belo Horizonte, e faltava a última prestação do mês para ser paga: enfim, declarar o retorno às terras mineiras.

“Ding dong”, é a campainha do apartamento a tocar, exatamente às oito horas no “prego”. Às nove horas da manhã, Madalena chega cansada da Loja e percebe a porta entreaberta, e exclama: “Que estranho!”. Madalena se dirige a passos lentos para o seu quarto, pois prevê que algum ladrão tenha entrado no apartamento. Ao abrir a porta do quarto, Madalena, utilizarei uma linguagem da botânica apropriada para o momento, se depara com Giuseppe “trepando” com Luíza, que estava com perfume de sândalo esparramado por todo corpo, rebolava e gemia feito uma loba, por cima do pênis do quarentão Giuseppe.


(Carlos André)

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