Capítulo
XXIII – Alfred toca clássico italiano;
O maestro Joaquim estava ao
lado do palco, torcendo para que o seu mais genioso aluno fizesse uma excelente
apresentação: la presentazione più bella em sua idade.
Acontece que, para um garoto
de dez anos, era um peso mental enorme que exercia sobre si, sérios riscos de
não conseguir executar com maestria, aquilo que ensaiou em casa, já que o piano
era de outra marca. Embora, o pianista tem que está sempre preparado para tocar
em qualquer piano que avistar na frente do palco, e que este esteja com
impecável afinação. Caso contrário, a dinâmica não funciona.
Alfred estava de terno
preto, mãos postas em cima das teclas do piano, começando a esculpir, pintar,
desenhar e escrever as primeiras notas do “O mio babbino caro” de Giacomo
Puccini.
Ele não se deixava
amedrontar pela responsabilidade que era em tocar para uma plateia, onde
haveria, além dos leigos e admiradores da boa música, críticos musicais do alto
escalão clássico. O que de fato, lhe deixara triste depois de subir ao palco, além
da ausência de sua irmãzinha Margaret (que se alegrava ao ver Alfred tocar
piano), já que esta estava nos cuidados da empregada Luíza, era não ter visto
na frente, seu tio Giuseppe.
Alfred sequer lembrava-se de
Madalena, pois como foi já exposto: Madalena nunca conheceu o sobrinho, ou pelo
menos agora o conheceria, se o destino convier; ou para aqueles que não acreditam
mais em destino, prevaleçam com suas conclusões de crenças, que será o melhor
caminho.
Quando a última nota do “O
mio babbino caro” foi executada, todos se levantaram, ou quase todos, e
aplaudiram o garoto Alfred, que com apenas dez anos, apresentara um dos
clássicos populares da Itália, a terra de seus avós maternos e paternos.
Alfred se levantara do
piano, caminhara com passos firmes, e no centro do palco, fez o gesto de
agradecimento se curvando ao público. Quando as palmas se cessaram, Alfred
anunciou:
- Boa noite senhoras e
senhores! Agora apresentarei o “Nessun Dorma”. Esta eu dedico especialmente a
toda minha família presente aqui na frente, amigos e colegas que fizeram o
esforço de virem me prestigiar!
Logo quando Alfred terminou
de anunciar a próxima música que tocaria, dava para escutar de alguém no meio
da plateia:
-Ohhh, que gesto de
gentleman!
Aquela voz suave, e quase
monótona era Pérola, que se engrandecia pelo gesto do amigo.
Os toques sutis no piano no
momento da apresentação daquela que é considerada o hino da Itália, fizeram,
principalmente para aqueles mais sensíveis, se arrepiarem e se exaltarem
pronunciando da plateia um:
- Bravo!!
- Esplêndido!!
(Carlos André)
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