quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Novela - O PIANISTA

Capítulo XXIII – Alfred toca clássico italiano;

O maestro Joaquim estava ao lado do palco, torcendo para que o seu mais genioso aluno fizesse uma excelente apresentação: la presentazione più bella em sua idade.

Acontece que, para um garoto de dez anos, era um peso mental enorme que exercia sobre si, sérios riscos de não conseguir executar com maestria, aquilo que ensaiou em casa, já que o piano era de outra marca. Embora, o pianista tem que está sempre preparado para tocar em qualquer piano que avistar na frente do palco, e que este esteja com impecável afinação. Caso contrário, a dinâmica não funciona.

Alfred estava de terno preto, mãos postas em cima das teclas do piano, começando a esculpir, pintar, desenhar e escrever as primeiras notas do “O mio babbino caro” de Giacomo Puccini.

Ele não se deixava amedrontar pela responsabilidade que era em tocar para uma plateia, onde haveria, além dos leigos e admiradores da boa música, críticos musicais do alto escalão clássico. O que de fato, lhe deixara triste depois de subir ao palco, além da ausência de sua irmãzinha Margaret (que se alegrava ao ver Alfred tocar piano), já que esta estava nos cuidados da empregada Luíza, era não ter visto na frente, seu tio Giuseppe.

Alfred sequer lembrava-se de Madalena, pois como foi já exposto: Madalena nunca conheceu o sobrinho, ou pelo menos agora o conheceria, se o destino convier; ou para aqueles que não acreditam mais em destino, prevaleçam com suas conclusões de crenças, que será o melhor caminho.

Quando a última nota do “O mio babbino caro” foi executada, todos se levantaram, ou quase todos, e aplaudiram o garoto Alfred, que com apenas dez anos, apresentara um dos clássicos populares da Itália, a terra de seus avós maternos e paternos.

Alfred se levantara do piano, caminhara com passos firmes, e no centro do palco, fez o gesto de agradecimento se curvando ao público. Quando as palmas se cessaram, Alfred anunciou:

- Boa noite senhoras e senhores! Agora apresentarei o “Nessun Dorma”. Esta eu dedico especialmente a toda minha família presente aqui na frente, amigos e colegas que fizeram o esforço de virem me prestigiar!

Logo quando Alfred terminou de anunciar a próxima música que tocaria, dava para escutar de alguém no meio da plateia:
-Ohhh, que gesto de gentleman!

Aquela voz suave, e quase monótona era Pérola, que se engrandecia pelo gesto do amigo.

Os toques sutis no piano no momento da apresentação daquela que é considerada o hino da Itália, fizeram, principalmente para aqueles mais sensíveis, se arrepiarem e se exaltarem pronunciando da plateia um:
- Bravo!!
- Esplêndido!!


(Carlos André)

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