Capítulo
XXVIII – Quando o rio é contínuo, é porque veremos logo na frente o mar!
O beijo daquela tarde fora
sentida ainda hoje.
Camila não reprovava aquele
sentimento, mas também não consentia que Pérola namorasse tão cedo, ou melhor,
que ambos namorassem tão cedo. Rodrigo, dizia o mesmo: “Vocês são novos para
namorarem”, exceto Patrícia, com seus cabelos loiros ondulados, e seu jeito
compenetrado dentro da realidade, aconselhava: “Os deixem namorarem amor.
Quando é verdadeiro, fica tão bonito!”.
Na casa de Alfred, havia um
consentimento se fosse mais para frente, e da parte de Armênio, havia uma apreensão
diante dos estudos com o piano, se isso poderia naquele momento, atrapalhar ou
não. Todavia, Alfred lhe dizia:
- Pai, eu vou saber separar
o meu relacionamento com Pérola junto com minha dedicação ao piano!
É de se citar, que o
professor Joaquim (o maestro), não dizia “Não!”, como também não dizia “Sim” –
era meio-termo -, naquele sentido de não escrever ainda em letras garrafais,
onde pudéssemos destacar nos muros da eternidade, o valor que havia no amor
puro de dois seres entrando na fase da adolescência.
Cyndi amou a notícia da
oficialização do namoro. Sempre vira nos dois, uma semelhança de caminhos,
sentimentos, e além do mais, praticamente cresceram juntos.
- Tia, os deixe namorar!
Alfred ano que vem completará treze anos, Pérola já estará com doze.
- Não sei Cyndi! Eu temi que
isso viesse acontecer em algum momento. Eu tenho um carinho enorme pela Pérola.
Eu tenho que esperar também a parte de Armênio, e da família da Pérola.
Sozinha, eu não posso decidir!
- Acredito que meu tio com
certeza aceitará!
- Não seja tão confiante
assim, Cyndi, com as intenções do seu tio.
- Eu sei tia! Meu coração
diz...
E o coração de Cyndi o
dissera realmente. Armênio aprovou o namoro, com as seguintes restrições:
“Primeiro, não é pra de
jeito algum, o relacionamento de vocês atrapalharem, ou atrasarem, tanto nas
tarefas escolares de ambos, como também no ensino de piano do Alfred;
Segundo, será da parte da
família da Pérola, propor limites de horário de visita de Alfred,
principalmente nos horários em que Pérola esteja ocupada com algum afazer;
E, terceiro e último, conforme
a idade de vocês, o namoro será somente permitido aqui em casa na sala, nada de
irem para o quarto, isso tudo com nossa devida atenção. Além disso, claro que o
Alfred poderá levar Pérola para ir aos concertos de piano com ele, no teatro,
cinema, óperas... isso se a família da Pérola convier.”
As exigências de Armênio, talvez
não tivesse nada de ultrarromântico, mas para aquela época, por mais que a
sexualidade tivesse sido libertada de certos padrões, isso se nós analisarmos
veemente o início da década sessenta, ainda assim, ela era vista como tabu, a
espera de ser libertada completamente.
Um ano havia se passado
depois daquele beijo, Alfred já estava na sexta série, e havia trocado de turma
e foi para a 6ªA. Alfred acostumou rapidamente. Estávamos em 1977, e faltava
menos de três anos para que houvesse a Anistia.
(Carlos André)
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